Copa em Porto Alegre foi acerto, avalia José Fortunati
Obras serão entregues com atraso, mas ficarão como benefício
para a cidade
Marina Schmidt
O prefeito José Fortunati (PDT) assegurou ontem, durante o Tá na Mesa, na
Federasul, que Porto Alegre atenderá a todos os requisitos para a realização dos
jogos da Copa do Mundo, que deixará benfeitorias para a Capital. “A Copa acabou
sendo uma oportunidade”, disse, ressaltando que, graças à realização do Mundial,
foi possível alcançar investimentos federais de R$ 880 milhões para financiar
obras na cidade. “Sem a Copa, esses recursos não viriam.”
Embora a maior
parte das obras não fique pronta até junho, mês em que ocorre o evento, os
ganhos em mobilidade pública ficarão como legado, reafirmou Fortunati, lembrando
que a cidade nunca teve tantas obras em andamento ao mesmo tempo. “O cidadão
pode ficar um pouco incomodado durante essa fase, mas depois ficam as
melhorias.”
De acordo com o prefeito, muitas obras atrasaram por conta
de questões imprevisíveis. Um exemplo citado foi o da avenida Voluntários da
Pátria, que estava com o cronograma em dia, mas precisou passar por avaliação do
Iphan, ficando parada por oito meses. Das 14 obras previstas, apenas o entorno
do Beira-Rio ficará pronto até o início dos jogos. As demais intervenções serão
entregues mais adiante.
Apesar dos atrasos, Fortunati recorreu a
argumentos positivos, acrescentando que Porto Alegre foi a cidade que mais
vendeu ingressos para a primeira fase do Mundial (e é a terceira em captação de
turistas estrangeiros). O prefeito refutou a ideia de que o evento é um
problema. “A Copa do Mundo no Rio Grande do Sul não foi uma roubada”,
sustentou.
Demonstrando uma confiança que destoava das declarações dadas
na segunda-feira, quando Fortunati afirmou que Porto Alegre poderia deixar de
ser sede da Copa caso não fossem aprovado o projeto que prevê isenção fiscal
para empresas que investirem nas estruturas temporárias, o prefeito não colocou
dúvidas acerca da realização do Mundial e da conclusão das obras, mesmo que
posteriormente ao mundial.
Na terça-feira, a Assembleia Legislativa
aprovou o projeto, que prevê R$ 25 milhões em isenções para empresas que
patrocinarem os equipamentos temporários e exigidos pela Fifa. O valor ainda
fica abaixo dos gastos previstos, mas Fortunati assegurou que o governo do
Estado e a prefeitura vão bancar os R$ 5 milhões restantes. O investimento, no
entanto, será feito apenas em equipamentos que possam ser aproveitados
posteriormente tanto pelo município quanto pelo Estado.
Entre as
estruturas necessárias, as que se encaixam nessas condições são detectores de
metal, custeados pelo governo estadual e que, após o Mundial, serão instalados
em presídios, e geradores de energia, que serão alugados primeiramente para uso
durante a Copa do Mundo e, posteriormente, para instalação na casa de bombas,
até que seja feito repasse federal para compra do equipamento.
O
prefeito já sinalizou para o fato de que Porto Alegre não conseguirá entregar as
estruturas temporárias no prazo definido pela Fifa (21 de maio), mas que, até o
final de maio, tudo estará funcionando como deve. “Porto Alegre será uma das
melhores sedes da Copa do Mundo.”
Diante das queixas contra a Copa do
Mundo, que ganharam força em meados do ano passado com a eclosão de protestos em
todo o País, Fortunati salientou que elas não se encaixam ao perfil da Capital.
“Nós só alocamos recursos em termos de isenção”, destacou, lembrando que a
imagem da Capital acaba sendo prejudicada por conta da condução equivocada no
processo de definição das cidades-sedes. “O Brasil deveria ter, no máximo, oito
cidades sediando jogos. Agora, temos estádios novos em Manaus e em Natal, que
ficarão como elefantes brancos.”
Fifa responde a críticas de Tarso
Ao contrário do prefeito José Fortunati, que afirmou ontem na Federasul que a
Copa do Mundo é uma oportunidade para Porto Alegre, o governador Tarso Genro
disse que dentro das condições exigidas pela Fifa, organizar a Copa na Capital
gaúcha é uma “roubada”. A declaração foi dada terça-feira, durante um debate do
governo gaúcho com ativistas contrários ao uso de dinheiro público no torneio.
“Soubemos das invasões à soberania do País (pela Fifa) tardiamente. A decisão de
assumir a Copa nessas condições foi uma roubada.”
Questionada sobre as
declarações do governador Tarso Genro, a Fifa afirmou que o Mundial é um esforço
coletivo da entidade, do Comitê Organizador Local e de governos federal,
estaduais e municipais. E afirmou que o Rio Grande do Sul terá um aumento de R$
500 milhões no PIB por hospedar jogos do Mundial. O estudo foi feito pela
Fundação de Economia e Estatística.
A declaração de Tarso aconteceu ao
mesmo tempo em que a Assembleia Legislativa aprovava o projeto que concede
isenção fiscal a empresas que pagarem pelas estruturas temporárias que serão
usadas no Beira-Rio no Mundial. Segundo o governador, a população brasileira
deveria ter sido consultada sobre a possível realização do Mundial no País antes
da assinatura do contrato com a Fifa. Tarso declarou ainda que protestaria
contra o modelo de organização do Mundial caso não fosse governador. Ele deixou
o evento antes do fim, alegando compromissos.
O atraso nas contratações
das estruturas temporárias é a maior preocupação da entidade para o Mundial, a
menos de três meses do jogo de abertura, entre Brasil e Croácia, no dia 12 de
junho. Além do Beira-Rio, o Itaquerão também provocou dores de cabeça na Fifa
devido aos equipamentos provisórios. O motivo é o mesmo. Segundo o ministro do
Esporte, Aldo Rebelo, a pendência está resolvida. Não foi divulgado quem paga a
conta. A presidência da República não comentou as declarações de Tarso, e o
Ministério do Esporte não havia se pronunciado até a noite de ontem.
Hotéis apresentam ao Procon Porto Alegre tabelas com os preços atuais
A rede formada por 119 hotéis da Capital entregou ao Procon Porto Alegre
esclarecimentos sobre os valores das diárias cobradas pelos estabelecimentos
atualmente na cidade. Na sexta e segunda-feira, o Procon notificou hotéis de
Porto Alegre a fim de que apresentassem as informações. O objetivo da ação é
preventivo: evitar a cobrança abusiva dos turistas durante a realização dos
jogos da Copa do Mundo em Porto Alegre.
Os estabelecimentos tinham prazo
até terça-feira para informarem quais são os valores mínimos, médios e máximos
das diárias comercializadas até o dia 21 deste mês dos quartos standarts duplo
(ou equivalente mais econômico) e a respectiva taxa média de ocupação dos
quartos já reservados para cada hotel que compõe a rede para o período de 12 de
junho até 13 de julho, quando ocorrem os jogos do Mundial.
Também deveria
ser informado ao Procon municipal qual é a tarifa de balcão para o período de 12
de junho a 13 de julho para os quartos standarts duplo ou equivalente mais
econômico para cada hotel que compõe a rede. O Procon quer saber também qual é a
política de cancelamento dos hotéis, alteração e reembolso de diárias e reservas
para a Copa do Mundo e especificar a forma de divulgação dessas informações aos
consumidores. Deveria também ser encaminhado ao Procon o material de informação
utilizado.
Os estabelecimentos que não apresentaram uma resposta à
notificação estão sujeitos à abertura de processo administrativo no Procon Porto
Alegre. “Esta é mais uma das ações afirmativas do Procon Porto Alegre para
qualificar a hospedagem dos consumidores turistas e evitar o abuso no mercado
hoteleiro”, explicou a diretora executiva do Procon Porto Alegre, Flávia do
Canto Pereira.
A iniciativa do envio de notificações às redes hoteleiras de
todas as cidades-sede da Copa do Mundo partiu da Secretaria Nacional do
Consumidor (Senacon).
Fifa aprova estruturas temporárias
O vice-prefeito Sebastião Melo e o procurador-adjunto do Município,
Marcelo do Canto, participaram ontem de reunião no Rio de Janeiro para avançar
nas definições sobre as estruturas temporárias necessárias à realização da Copa
do Mundo em Porto Alegre. O encontro teve a presença do secretário-geral da
Fifa, Jérôme Valcke, do coordenador do Comitê Gestor da Copa do Estado, Maurício
Nunes, e da 2ª vice-presidente do Sport Club Internacional, Diana Raquel de
Oliveira. Uma vistoria técnica será realizada hoje, às 15h, no entorno do
estádio Beira-Rio, quando integrantes do Comitê Organizador Local da Copa do
Mundo vêm à Capital para definir os detalhes da implantação.
Conforme
Melo, a direção da Fifa confirmou a proposta construída entre a prefeitura, o
Estado e o clube. “A partir da aprovação do projeto na Assembleia Legislativa,
avançamos de forma consistente no cronograma e na definição das ações de cada
ente para viabilizarmos, no prazo necessário, as estruturas temporárias”, disse.
O Internacional deverá formalizar, até 4 de abril, o convênio com a
empresa que atuará como mediadora na gestão dos projetos e implantação das
estruturas. Amanhã, representantes de empresas estarão em Porto Alegre para
dialogar com a direção do clube.
Promotoria vai acompanhar gastos públicos
A Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público irá instaurar um
expediente para acompanhar os investimentos diretos e indiretos do poder público
na compra ou locação das estruturas temporárias no Beira-Rio para a Copa do
Mundo. O promotor de Justiça Nilson de Oliveira Rodrigues Filho quer dar
continuidade às tratativas para assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta
(TAC) que irá assegurar ao MP acesso às decisões do poder público com relação à
compra dos equipamentos que poderão ficar como legado. Ele aguarda retorno da
solicitação feita à prefeitura e ao governo do Estado sobre quais são estes
itens, valores e utilização futura.
A intenção é que todos os valores
que forem debitados da conta bancária criada para custear as estruturas
temporárias sejam conhecidos imediatamente pelo Ministério Público. Após a Copa,
será feito um levantamento técnico das condições de todos os equipamentos.
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