Prisão de grupo que planejava atentado trouxe à tona canal de comunicação do Estado Islâmico
Prisão de grupo que planejava atentad trouxe à tona canal de comunicação do Estado Islâmico | Foto: Reprodução CP
Agência Brasil
A prisão pela Polícia Federal (PF) de um grupo que planejava atentados durante as Olimpíadas do Rio de Janeiro trouxe à tona nesta quinta-feira o debate sobre terrorismo no Brasil. Os extremistas islâmicos vêm publicando há mais de um mês instruções e métodos de ataques nas redes sociais em português, contudo. Uma das principais sinalizações de que o Estado Islâmico (EI) tentava conquistar seguidores no Brasil foi a criação, no fim de maio, de um canal em português na rede social Telegram. O canal seguia os moldes do já existente Nashir Channel, que veicula propaganda extremista na plataforma.
Mais recentemente, foi criado outro canal no Telegram, com o nome Ansar al-Khilafah Brazil, que declarou lealdade ao Estado Islâmico e ao seu líder, Abu Bakr al-Baghdadi. Foi a primeira vez que um grupo no Brasil e na América do Sul anunciou explicitamente sua filiação à organização sunita. A notícia foi veiculada na segunda-feira pela agência norte-americana de contraterrorismo SITE Intelligence Group.
Métodos de ataque
Foram compartilhados no Telegram manuais e sugestões de métodos para se cometer atentados durante os Jogos Olímpicos. Entre as táticas citadas, há sequestros, envenenamento, uso de drones, acidentes de carro, esfaqueamento e veiculação de falsas ameaças. Uma lista com 17 itens circulou com explicações de como proceder em cada um dos métodos.
Os alvos principais são as delegações e turistas de Estados Unidos, Reino Unido, França e Israel. O "manual" também orienta a envenenar alimentos e bebidas de bares e restaurantes, atacar partidas de seleções de países considerados "inimigos" (os que integram a coalizão internacional contra o Estado Islâmico) e disparar explosivos com drones.
Evitar mulheres, crianças e países neutros
O item 11 da lista, porém, pede para que os jihadistas evitem atacar mulheres, crianças e países que estão "fora da guerra contra o Islã". Além disso, o item 13 do manual explica que um atentado em grande escala no solo de uma nação neutra (caso do Brasil) pode fazer com que mais países passem a integrar a coalizão internacional contra o EI.
No Twitter, rede social amplamente usada para divulgação de propaganda terrorista e recrutamento de jihadistas, também há registros de mensagens sobre possíveis ataques no Rio de Janeiro publicadas desde junho. Alguns perfis já vinham sendo monitorados por organizações, inclusive pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que identificou um recrutador do Estado Islâmico no Brasil sob o nome de Ismail Abdul Jabbar al-Brazili, apelidado de "O Brasileiro".
No último dia 11, um fórum online cujas conversas foram monitoradas pelos hackers do Binary Sec tentava ter notícias de al-Brazili. Foram publicadas mensagens em um grupo pedindo ajuda para localizar o recrutador do EI. Os hackers também localizaram mensagens trocadas entre os dias 17 e 18 de junho que exibiam fotos de uma AK-47 publicadas por um usuário apelidado de "Wolf", o qual se referia aos Jogos do Rio de Janeiro. Em outro post, um norte-americano se dizia fabricante de armas para o Estado Islâmico no Brasil.
Até a operação da PF, a única ameaça concreta que ficou conhecida mundialmente contra o país foi a mensagem publicada por Maxime Hauchard, um dos líderes do Estado Islâmico, logo após os atentados de 13 de novembro, em Paris. “Brasil, vocês são o próximo alvo”, escreveu o jihadista na ocasião.
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