Luiz Carlos Gomes da Silva Filho, de 29 anos, foi baleado na cabeça após abordagem na zona sul da Capital
Um vídeo que está circulando nas redes sociais mostra o momento em que o policial militar Luiz Carlos Gomes da Silva Filho, de 29 anos, aborda dois suspeitos na Rua Florinha, bairro Cavalhada, em Porto Alegre, na tarde desta segunda-feira. Em determinado momento, após ser baleado na perna e entrar em luta corporal com o PM, um dos suspeitos saca uma arma de fogo e mata o policial com tiros na cabeça. A imagem gera comoção ao confrontar a coragem do soldado diante da frieza de um dos homens, autor dos disparos.
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Para tentar entender o que aconteceu nos minutos que antecederam à morte do soldado, ZH ouviu o coordenador do Núcleo de Segurança Cidadã da Faculdade de Direito de Santa Maria (Fadisma) e associado pleno do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Eduardo Pazinato. Ele aponta falhas que podem ter contribuído para que a abordagem terminasse de forma trágica.
— É muito cômodo analisar as imagens de um ângulo privilegiado sentado em frente ao computador sem a pressão pela qual estava submetido o policial no momento da intervenção. Mas eu pude perceber que o PM abandonou completamente qualquer técnica policial, desde as mais simples — disse o especialista, que cita pelo menos três fatores que não foram observados ou analisados da forma correta.
A primeira falha apontada por Pazinato é a não observância da supremacia de forças, que prevê número maior de policiais em relação aos suspeitos.
— É um dos princípios básicos, que visa a evitar uma reação inesperada. Havia, além do rapaz que atirou, outra pessoa em uma área de sombra. O policial, justamente por estar sozinho, não teve uma cobertura ou auxílio de equipes de apoio.
Silva Filho também não conseguiu realizar as revistas pessoal e veicular, que poderiam ter salvo a sua vida.
— As revistas são realizadas justamente para retirar armas ou instrumentos cortante dos suspeitos, que possam ser utilizados em uma possível reação. O policial que executa esse procedimento deve manter a arma no coldre e ter apoio de um colega com uma arma em punho.
O especialista em segurança percebeu também que o policial não prestou atenção ao cenário. Com uma análise situacional, conseguiria prever pontos de fuga dos suspeitos e, assim, posicionar seu veículo de forma a evitá-la. Também permitiu que os suspeitos circulassem em volta do carro.
— Não havia nenhuma contenção, obstáculo, impedindo a evasão do veículo. Houve empurrão do policial e revide do suspeito. O soldado também renegou, em diversos momentos, a existência de outra pessoa, que poderia, inclusive, ter pego a arma no carro. Com certeza não foi uma abordagem normal. Parece que ele tinha conhecimento prévio para ter ignorado procedimentos básicos.
Pazinato disse ainda que "a morte do brigadiano, infelizmente, é mais um sinal inequívoco da necessidade de uma política de controle, prevenção e, no limite, redução das violências letais no país. Deve-se apurar com rigor as circunstâncias do homicídio e seus responsáveis devem ser julgados e responsabilizados com o rigor da lei".
Em tom de desabafo, o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Alfeu Freitas Moreira, comentou por meio de nota a postura adotada pelo PM e lamentou a sua morte. Segundo a BM, a arma utilizada pelos suspeitos era uma Glock alterada para funcionar como uma espécie de minimetralhadora.
Luiz Carlos era integrante do Serviço de Inteligência (PM2) da BM, e estava desde 2009 na corporação. Pelas redes sociais, a Brigada Militar divulgou uma nota de pesar pela morte do soldado:
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