sexta-feira, 12 de junho de 2015

Porque o novo equipamento de neblina, instalado no aeroporto Salgado Filho ainda deixa aviões sem chegar ou sair?

Mesmo com o novo sistema instalado  um pouco antes do mês de maio do ano passado, aeroporto ainda fica funcionar devido à neblina na capital dos gaúchos.

Em um mês de operação do novo sistema, Salgado Filho fecha por somente sete horas Mateus Ferraz/Rádio Gaúcha
Em uma década, mais de 1,1 mil horas sem pousos e decolagens

Mesmo que o Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre,  tenha iniciado há mais de um ano as operações do esperado Instrument Landing System 2, ou simplesmente, ILS 2, segue fechando em dias de muita cerração.  O equipamento, que permite pousos e decolagens em meio à neblina,  resolve apenas em até 50% os transtornos no aeroporto. Em dias de nevoeiro forte,  o ILS 2 não é suficiente, e o Salgado Filho precisa interromper as operações. 


Isso porque o sistema só é eficaz quando a neblina está a até 400 metros da cabeceira da pista – com o ILS 1 a visibilidade só era possível a até 800 metros –, distância mínima exigida para que o piloto tenha contato visual e possa pousar com segurança. Do contrário, a aterrissagem não é autorizada.

O ILS 2 no entanto, não pode ser considerado a solução definitiva para o Salgado Filho. O sistema é eficiente dentro da sua margem de 400 metros, mas que em casos de neblina muito cerrada, não adiantará, e o aeroporto precisará ser fechado até que as condições se restabeleçam.

As operações melhoram com certeza. Mas é preciso levar em consideração a intensidade dessa neblina, e quanto mais forte, menos provável que o ILS 2 consiga operar dizem os especialistas. 
Outra questão apontada é quanto à homologação das aeronaves que pousam no Salgado Filho. Além de autorização da Agência Nacional de Aviação (Anac), os pilotos devem estar treinados para usar a tecnologia. Aviões de menor porte e executivos, por exemplo, podem não ter os requisitos para operar com o ILS 2 e precisariam do sistema anterior, o ILS 1.


A solução definitiva para o problema da neblina no Salgado Filho seria o ILS 3. Este modelo permite o pouso no grau de cerração mais fechada. Em todo o mundo, apenas 10 aeroportos usam o sistema, entre eles, o Heathrow, em Londres, e Aeroporto Internacional de Amsterdã Schiphol, que chega a ficar 15 dias sob nevoeiro constante. A Anac nem sequer considera o uso da tecnologia.
Em uma década, mais de 1,1 mil horas sem pousos e decolagens

O início das operações do ILS 2 no Salgado Filho foi uma verdadeira novela.Prometido ainda em 1997, o equipamento só começou a ser instalado em setembro de 2011. As obras foram concluídas em dezembro do ano passado. Enquanto o ILS 2 não saía do papel, o aeroporto enfrentou centenas de horas fechado.

Entre 2004 e 2014, foram exatas 1.117 horas e 36 minutos de operações interrompidas, a maioria delas, em razão da neblina – ainda que a Infraero não forneça informações precisas sobre o motivo do fechamento. O ano em que o aeroporto esteve mais tempo sem ter pousos e decolagens foi em 2008, quando ficou fechado por 197 horas e 18 minutos.

Historicamente, os meses de maio e junho são os mais castigados pela neblina. Em maio do ano passado, o aeroporto chegou a ficar fechado por 42 horas. Este ano, foram 28 horas sem funcionar no mês que antecede o inverno

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