segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Esplanada nova: Dilma deve trocar metade dos ministros no segundo mandato

Esplanada nova

Dilma deve trocar metade dos ministros no segundo mandato

Perfis com mais peso político devem assumir pastas, com apoio de secretários-executivos de perfil técnico

Dilma deve trocar metade dos ministros no segundo mandato Cadu Gomes/Divulgação
Foto: Cadu Gomes / Divulgação
Governo novo, ideias novas. E um time recheado de ministros novos. O mote da campanha de Dilma Rousseff (PT) inspira a composição dos ministérios no segundo mandato. Um primeiro escalão mais político e com maior espaço para o PMDB.
Na dança das 39 cadeiras da Esplanada, a troca mais aguardada é a de Guido Mantega. O fraco desempenho da economia atingiu o ministro da Fazenda ainda no cargo. Ele prepara a despedida desde setembro, quando Dilma assegurou que mudaria o comando da economia se fosse reeleita. Será o fim de uma era na Fazenda, conduzida por Mantega desde março de 2006.
A especulação sobre o substituto agita o mercado financeiro. Titular da Casa Civil e fortalecido após a campanha, Aloizio Mercadante deseja o posto. Circulam os nomes do governador baiano Jaques Wagner, do ex-secretário-executivo da Fazenda, Nelson Barbosa, do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, e de Otaviano Canuto, atualmente no Banco Mundial.


Escolhas políticas serão para controlar melhor a base aliada

Para o segundo mandato de Dilma, acredita-se que pelo menos metade da Esplanada seja renovada. A presidente planeja retomar a estratégia de escalar ministros com maior peso político, escoltados por secretários-executivos técnicos na retaguarda.
— Virão ministros com envergadura, que possam ajudar o governo a tocar suas políticas e projetos no Congresso — prevê um dos conselheiros de Dilma.

O perfil mais político do primeiro escalão terá de auxiliar a domar a base aliada. O PT prevê um cenário conturbado em um Congresso com 28 partidos e contaminado pelo tom bélico da campanha presidencial. A situação favorece o PMDB, legenda com a maior bancada no Senado e segunda maior na Câmara. Decisiva para governabilidade, a sigla anseia e deve receber mais espaço – tanto na tomada de decisões quanto na distribuição de cargos.
Dono de cinco ministérios, o partido estuda as trocas de Edison Lobão (Minas e Energia) e Garibaldi Alves (Previdência). A intenção é manter as pastas e levar mais uma com orçamento farto: Educação, Transportes ou Saúde.
Com agendas separadas ao longo da campanha, em especial em São Paulo, o vice-presidente Michel Temer estreitou a relação do seu grupo com o PT. Quem trabalhou pela reeleição, a exemplo da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), deve ser recompensado após a vitória. Representante do agronegócio, Kátia é favorita para assumir a Agricultura.
Além de um PMDB fiel, Dilma terá de agradar outras siglas para ter tranquilidade no Congresso. Assim, as entradas de Gilberto Kassab (PSD) e de pelo menos um dos irmãos Gomes, Cid ou Ciro (ambos do PROS) asseguram a fidelidade dos partidos. O PSB, que apoiou Aécio Neves, será convidado a voltar. O convite chegará com oferta de cadeira na Esplanada.
Titular das Cidades ao longo do primeiro mandato, o PP pretende retomar a pasta, que cuida do Minha Casa Minha Vida e das obras de mobilidade urbana. Presidente da sigla e dilmista, o senador Ciro Nogueira (PI) aspira o posto. Contudo, a divisão do partido nos palanques estaduais pode inviabilizar o desejo do candidato.

Definição de nomes passa por futuro da relação com Lula
Livre da pressão de disputar a reeleição, Dilma Rousseff passa a lidar com um dilema: reaproximar-se de Lula, eventual candidato ao Planalto para 2018, ou ampliar o afastamento do padrinho político. A decisão influenciará a distribuição do quinhão petista da Esplanada.

Com opiniões divergentes, prevalece no partido a sensação de que a presidente repetirá a fórmula bem-sucedida em sua reeleição, ao isolar os lulistas e colocar seus nomes de confiança na condução da campanha, a exemplo de Aloizio Mercadante e Miguel Rossetto.
– Lula sempre será influente no governo. A dúvida é o tamanho dessa influência – explica um interlocutor de Dilma.
Ministros de Dilma no primeiro mandato, Mercadante e Rossetto continuarão no primeiro escalão e com voz ativa no governo. Os dois ganharão a companhia do governador baiano Jaques Wagner, amigo de Dilma e também afinado com Lula, de quem foi ministro.
Veja quem são os mais cotados para a Esplanada

Aloizio Mercadante (PT)
Ministro da Casa Civil, licenciou-se para atuar na campanha no segundo turno. Nome de confiança da presidente Dilma, é especulado na Fazenda e no Planejamento. Pode seguir na Casa Civil.
 
Juca Ferreira (PT)
Secretário municipal de Cultura de São Paulo, o sociólogo tem força para voltar ao Ministério da Cultura, que já ocupou no governo Lula. Auxiliou a redigir o programa de governo de Dilma.

Kátia Abreu (PMDB)
Presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a senadora reeleita postula o Ministério da Agricultura. Seria uma recompensa pelo empenho na campanha de Dilma.
 
Ricardo Berzoini (PT)
Ministro das Relações Institucionais, abriu mão de disputar a reeleição como deputado em São Paulo, que era viável, e permaneceu no governo. Deve ser recompensado.
 
Jaques Wagner (PT)
Amigo e um dos conselheiros de Dilma, o governador baiano, que elegeu seu sucessor, está no final do mandato. Foi ministro do Trabalho e das Relações Institucionais no
governo Lula.
 
José Eduardo Cardozo (PT)
Ministro da Justiça, abriu mão de concorrer a deputado federal. Pode ser indicado para o STF na vaga de Joaquim Barbosa, porém, gostaria de permanecer no governo Dilma.
 
Cid Gomes (PROS)
Governador do Ceará, deixou o PSB quando o partido rompeu com o governo Dilma. Cotado para Integração, Saúde ou Educação. Outro nome especulado é de seu irmão, Ciro Gomes.
 
Miguel Rossetto (PT)
Tem a confiança de Dilma. Afastou- se do Desenvolvimento Agrário para ser um dos coordenadores da campanha. Cotado para Secretaria-Geral, pode assumir uma pasta maior importância.
 
Aldo Rebelo (PCdoB)
Ministro do Esporte, também abriu mão de disputar a eleição a deputado federal. O sucesso da organização da Copa e a proximidade da Olimpíada de 2016 fortalecem sua permanência.
 
Gilberto Kassab (PSD)
Derrotado na eleição ao Senado, o ex-prefeito de São Paulo assegura lealdade do PSD ao governo de Dilma com sua entrada na Esplanada. Hoje, a sigla comanda a pasta da Micro e Pequena Empresa.


Gilson Dipp
Gaúcho de Passo Fundo, o jurista é cotado para ser ministro da Justiça. Em 25 de setembro deste ano aposentou-se como ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
 
Ministros com futuro incerto
Ideli Salvatti (Direitos Humanos), Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Tereza Campello (Desenvolvimento Social), Miriam Belchior (Planejamento) e Paulo Bernardo (Comunicações).  - ZH ELEIÇÕES 2014

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