Esplanada nova
Dilma deve trocar metade dos ministros no segundo mandato
Perfis com mais peso político devem assumir pastas, com apoio de secretários-executivos de perfil técnico
Foto: Cadu Gomes / Divulgação
Governo novo, ideias novas. E um time recheado de ministros novos. O mote da campanha de Dilma Rousseff (PT) inspira a composição dos ministérios no segundo mandato. Um primeiro escalão mais político e com maior espaço para o PMDB.
Na dança das 39 cadeiras da Esplanada, a troca mais aguardada é a de Guido Mantega. O fraco desempenho da economia atingiu o ministro da Fazenda ainda no cargo. Ele prepara a despedida desde setembro, quando Dilma assegurou que mudaria o comando da economia se fosse reeleita. Será o fim de uma era na Fazenda, conduzida por Mantega desde março de 2006.
A especulação sobre o substituto agita o mercado financeiro. Titular da Casa Civil e fortalecido após a campanha, Aloizio Mercadante deseja o posto. Circulam os nomes do governador baiano Jaques Wagner, do ex-secretário-executivo da Fazenda, Nelson Barbosa, do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, e de Otaviano Canuto, atualmente no Banco Mundial.
Escolhas políticas serão para controlar melhor a base aliada
Para o segundo mandato de Dilma, acredita-se que pelo menos metade da Esplanada seja renovada. A presidente planeja retomar a estratégia de escalar ministros com maior peso político, escoltados por secretários-executivos técnicos na retaguarda.
— Virão ministros com envergadura, que possam ajudar o governo a tocar suas políticas e projetos no Congresso — prevê um dos conselheiros de Dilma.
O perfil mais político do primeiro escalão terá de auxiliar a domar a base aliada. O PT prevê um cenário conturbado em um Congresso com 28 partidos e contaminado pelo tom bélico da campanha presidencial. A situação favorece o PMDB, legenda com a maior bancada no Senado e segunda maior na Câmara. Decisiva para governabilidade, a sigla anseia e deve receber mais espaço – tanto na tomada de decisões quanto na distribuição de cargos.
Dono de cinco ministérios, o partido estuda as trocas de Edison Lobão (Minas e Energia) e Garibaldi Alves (Previdência). A intenção é manter as pastas e levar mais uma com orçamento farto: Educação, Transportes ou Saúde.
Com agendas separadas ao longo da campanha, em especial em São Paulo, o vice-presidente Michel Temer estreitou a relação do seu grupo com o PT. Quem trabalhou pela reeleição, a exemplo da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), deve ser recompensado após a vitória. Representante do agronegócio, Kátia é favorita para assumir a Agricultura.
Além de um PMDB fiel, Dilma terá de agradar outras siglas para ter tranquilidade no Congresso. Assim, as entradas de Gilberto Kassab (PSD) e de pelo menos um dos irmãos Gomes, Cid ou Ciro (ambos do PROS) asseguram a fidelidade dos partidos. O PSB, que apoiou Aécio Neves, será convidado a voltar. O convite chegará com oferta de cadeira na Esplanada.
Titular das Cidades ao longo do primeiro mandato, o PP pretende retomar a pasta, que cuida do Minha Casa Minha Vida e das obras de mobilidade urbana. Presidente da sigla e dilmista, o senador Ciro Nogueira (PI) aspira o posto. Contudo, a divisão do partido nos palanques estaduais pode inviabilizar o desejo do candidato.
Definição de nomes passa por futuro da relação com Lula
Livre da pressão de disputar a reeleição, Dilma Rousseff passa a lidar com um dilema: reaproximar-se de Lula, eventual candidato ao Planalto para 2018, ou ampliar o afastamento do padrinho político. A decisão influenciará a distribuição do quinhão petista da Esplanada.
Com opiniões divergentes, prevalece no partido a sensação de que a presidente repetirá a fórmula bem-sucedida em sua reeleição, ao isolar os lulistas e colocar seus nomes de confiança na condução da campanha, a exemplo de Aloizio Mercadante e Miguel Rossetto.
– Lula sempre será influente no governo. A dúvida é o tamanho dessa influência – explica um interlocutor de Dilma.
Ministros de Dilma no primeiro mandato, Mercadante e Rossetto continuarão no primeiro escalão e com voz ativa no governo. Os dois ganharão a companhia do governador baiano Jaques Wagner, amigo de Dilma e também afinado com Lula, de quem foi ministro.
Veja quem são os mais cotados para a Esplanada
Aloizio Mercadante (PT)
Ministro da Casa Civil, licenciou-se para atuar na campanha no segundo turno. Nome de confiança da presidente Dilma, é especulado na Fazenda e no Planejamento. Pode seguir na Casa Civil.
Juca Ferreira (PT)
Secretário municipal de Cultura de São Paulo, o sociólogo tem força para voltar ao Ministério da Cultura, que já ocupou no governo Lula. Auxiliou a redigir o programa de governo de Dilma.
Kátia Abreu (PMDB)
Presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a senadora reeleita postula o Ministério da Agricultura. Seria uma recompensa pelo empenho na campanha de Dilma.
Ricardo Berzoini (PT)
Ministro das Relações Institucionais, abriu mão de disputar a reeleição como deputado em São Paulo, que era viável, e permaneceu no governo. Deve ser recompensado.
Jaques Wagner (PT)
Amigo e um dos conselheiros de Dilma, o governador baiano, que elegeu seu sucessor, está no final do mandato. Foi ministro do Trabalho e das Relações Institucionais no
governo Lula.
José Eduardo Cardozo (PT)
Ministro da Justiça, abriu mão de concorrer a deputado federal. Pode ser indicado para o STF na vaga de Joaquim Barbosa, porém, gostaria de permanecer no governo Dilma.
Cid Gomes (PROS)
Governador do Ceará, deixou o PSB quando o partido rompeu com o governo Dilma. Cotado para Integração, Saúde ou Educação. Outro nome especulado é de seu irmão, Ciro Gomes.
Miguel Rossetto (PT)
Tem a confiança de Dilma. Afastou- se do Desenvolvimento Agrário para ser um dos coordenadores da campanha. Cotado para Secretaria-Geral, pode assumir uma pasta maior importância.
Aldo Rebelo (PCdoB)
Ministro do Esporte, também abriu mão de disputar a eleição a deputado federal. O sucesso da organização da Copa e a proximidade da Olimpíada de 2016 fortalecem sua permanência.
Gilberto Kassab (PSD)
Derrotado na eleição ao Senado, o ex-prefeito de São Paulo assegura lealdade do PSD ao governo de Dilma com sua entrada na Esplanada. Hoje, a sigla comanda a pasta da Micro e Pequena Empresa.
Gilson Dipp
Gaúcho de Passo Fundo, o jurista é cotado para ser ministro da Justiça. Em 25 de setembro deste ano aposentou-se como ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Ministros com futuro incerto
Ideli Salvatti (Direitos Humanos), Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Tereza Campello (Desenvolvimento Social), Miriam Belchior (Planejamento) e Paulo Bernardo (Comunicações). - ZH ELEIÇÕES 2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário