terça-feira, 14 de janeiro de 2014

QUEM VAI ASSUMIR O VERDADEIRO CRIME CONTRA LUAN DE APENAS 3 ANOS?






QUEM VAI ASSUMIR O VERDADEIRO CRIME CONTRA LUAN DE APENAS 3 ANOS?

Já eu quero saber, no caso do menino Luan da Rosa Flores, que morreu por terem diagnosticado erradamente infecção intestinal e não terem descoberto que era apendicite aguda, se a terceirização do serviço de saúde, vai também terceirizar o suposto erro do médico. Ele, aparentemente foi negligente no exame, que custou a vida de uma criança de apenas 3 anos. Em casos de falhas nas contas dos executivos municipais, quem responde é quem tem o poder de decisão. E no caso deste verdadeiro crime, doloso ou não, quem vai responder pela vida que se foi? Com a palavra a Polícia e o Ministério Público. (VILNEI HERBSTRITH)


SUS vai investigar erro médico

Caso de apendicite em menino de três anos foi tratado como infecção intestinal
Luan: faria 4 anos em abrilLuan: faria 4 anos em abril
A secretária municipal da Saúde, Marta Caminha, anunciou ontem que será aberta uma sindicância para apurar a morte do garoto de três anos Luan da Rosa Flores, que faleceu no sábado, dois dias após ser atendido no plantão do SUS. Ele teve uma parada cardiorrespiratória, que seria consequência da inflamação do apêndice, o que não foi diagnosticado no plantão do SUS de Cachoeira, mas descoberto depois da necropsia em Santa Maria. Em nota, Marta afirma que é preciso apurar minuciosamente o caso para saber se a morte ocorreu em razão de um erro médico.
O atendimento no plantão foi prestado pelo médico Gregório Zottele Cremonese, formado no mês passado na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. Ele foi a última contratação para a equipe que trabalha no plantão do SUS, terceirizado para a empresa Proativa. Entre o final da tarde e a noite de ontem, o Jornal do Povo tentou localizar Cremonese. Ele não estava na cidade e as ligações feitas para o seu celular foram encaminhadas para a caixa de mensagem.
POLÍCIA - O delegado Ricardo Milesi afirmou ontem que será instaurado um inquérito para apurar a morte do menino Luan da Rosa Flores, trabalho que será conduzido por policiais da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. Milesi observa que é prematuro opinar sobre o caso, argumentando que será preciso analisar a documentação do atendimento no plantão do SUS e interrogar os profissionais e familiares do garoto para saber se houve alguma irregularidade.
UMA PERGUNTA
O que é apendicite?
Apendicite é a inflamação do apêndice, um órgão desnecessário do corpo humano. Se for extraído, não fará nenhuma diferença. Ele fica colado ao intestino grosso e mede cerca de 10 centímetros em uma pessoa adulta. Ele só ganha atenção quando inflama devido às fezes endurecidas e acaba se rompendo, causando uma infecção generalizada que pode causar até uma parada cardiorrespiratória, que foi o que teria acontecido com o pequeno Luan.
Mãe relata como foram os últimos dias de LuanMorador do Barro Vermelho, em um chalé de chão batido, Luan acordou na quarta-feira reclamando para a mãe que estava sentido dor na barriga. A dona de casa Maria Aparecida Nunes da Rosa então preparou soro caseiro e chá de macela para o filho. “Ele estava vomitando uma água amarela. Achei que ele tinha comido alguma coisa que fez mal”, conta a mãe. Como o menino não melhorou com as receitas caseiras, na quinta-feira Maria Aparecida conseguiu uma carona até a balsa do São Lourenço, onde pegou o ônibus para a cidade.
De acordo com Maria Aparecida, eles chegaram por volta das 13h30min ao plantão do SUS, onde foi feita a ficha de atendimento e logo em seguida a triagem pela equipe de enfermagem. Cerca de seis pacientes que estavam na fila receberam o atendimento antes de Luan.
Ao entrar no consultório, Maria Aparecida conta que o médico Gregório Zottele Cremonese questionou o que estava ocorrendo com Luan e em seguida pediu que o menino deitasse na cama para ser examinado. “Eu disse ao médico que ele estava vomitando, mas que não tinha dado febre e que o Luan não queria mamar nem comer”, acrescenta a mãe.
EXAME - Segundo Maria Aparecida, o médico apertou três vezes a barriga de Luan e perguntou para o menino se ele sentia dor. Ela observa que o filho respondeu que sentia dor quando Cremonese apertava e quando tirava a mão de sua barriga. Maria então indagou ao médico qual era o problema e afirma que Cremonese disse que o menino estava com infecção intestinal causada por uma virose. “Ele fez a receita e me disse que com aqueles remédios o Luan iria melhorar”, frisa Maria Aparecida.
Os remédios receitados pelo médico foram ministrados cerca de 26 horas depois da consulta no plantão do SUS, quando chegaram à casa da família levados pelo motorista do ônibus que faz a linha Barro Vermelho. O quadro de Luan já havia se agravado e cerca de 12 horas depois o garoto faleceu.
Para Maria Aparecida, o filho morreu em decorrência de uma falha do médico ao fazer o diagnóstico do problema de Luan. Ela entende que se o garoto tivesse sido encaminhado para o Hospital de Caridade e Beneficência, poderia ter sido submetido a um exame de imagem e encaminhado para uma cirurgia.
DUAS PERGUNTAS PARA
Maria Aparecida Nunes da Rosa, mãe do menino Luan
Por que a senhora não levou o Luan novamente ao médico?“Quando a gente saiu do plantão do SUS, o médico disse que com aqueles remédios ele iria melhorar. A gente ficou esperando o remédio chegar. Eu achei que com o remédio ele iria ficar bom”.
Por que o remédio não foi providenciado logo após a consulta?“O médico disse que estes remédios poderiam ter na Liga (farmácia do SUS). Como já era 14h30min, o meu outro filho ficou na cidade com a receita para pegar os remédios na sexta-feira. Mas isso não foi preciso. Uma amiga da família comprou os remédios e o meu filho mandou pelo ônibus”.
Primeiro pedido de socorro não foi atendido pelo SamuA dona de casa Maria Aparecida Nunes da Rosa relata que o filho Luan da Rosa Flores passou a ser medicado pouco depois das 17h de sexta-feira, quando ela recebeu os remédios receitados no plantão do SUS. “Mas não adiantou. Ele foi piorando e passou a vomitar uma água preta. Ele não conseguia mais urinar e a dor seguia forte”, conta a mãe.
De acordo com Maria Aparecida, perto da meia-noite de sexta-feira a família entrou em contato com o Samu pelo telefone 192 para pedir socorro, pois ela percebeu que o estado do filho era grave. “Eu disse ao médico que ele tinha muita dor e estava vomitando. Ele disse que isso não era caso para o Samu e então eu deveria levar o Luan no médico pela manhã. Ligamos três vezes, mas eles não vieram”, critica Maria Aparecida.
SOCORRO - Por volta das 5h15min da madrugada de sábado, Luan estava morrendo e os familiares pediram ajuda para um vizinho, que colocou o garoto em um carro para levar a criança ao Hospital de Caridade e Beneficência. O Samu então foi acionado de novo e deslocou uma ambulância para o Barro Vermelho. No caminho, o menino foi transferido do automóvel para a ambulância, onde os socorristas do Samu tentaram reanimar Luan, sem sucesso. (do JP)

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