Beira-Rio está pronto para a volta dos jogos

Jair Stangler

JOÃO MATTOS/JC

Estádio do Inter está quase pronto para sediar jogos da Copa do Mundo

A primeira parte da cobertura do estádio Beira-Rio foi concluída ontem. Com a instalação da última das 65 membranas opacas, o estádio do Internacional, que será palco de cinco jogos na Copa do Mundo de 2014, enfim assume a configuração imaginada quando se começou a pensar na reforma do estádio, ainda em 2006.

A nova cobertura do estádio utiliza PTFE (politetrafluoretileno), material sintético com propriedades antiaderentes, que facilitam sua limpeza, e não inflamável. De origem alemã, o material também é imune à radiação ultravioleta e resiste a agentes corrosivos. A membrana é bege no começo, mas se torna branca pela ação do sol. Para que a reforma seja dada como concluída, ainda faltam detalhes. O último balanço apontava 97% das obras concluídas. Ontem, os funcionários da Andrade Gutierrez, construtora responsável pela reforma, começaram a instalar os dois telões de led, com 86m2 cada. Ainda esta semana deverá ter início a colocação das membranas translúcidas, que ficarão entre as membranas opacas. 

Após o atraso na data marcada para que a construtora entregasse o estádio ao clube, que seria 31 de dezembro de 2013, o clube preferiu não se comprometer com uma nova data. Ainda assim, assegura que o estádio está pronto para receber jogos, faltando apenas obter documentos como o habite-se. Segundo o presidente da Comissão de Obras do Beira-Rio, Maximiliano Carlomagno, a entrega dos detalhes finais do estádio se dará dentro do prazo concedido pela Fifa aos clubes, que é 28 de fevereiro. “Temos evitado o processo de profetização. Por várias questões que fogem ao controle do clube e da construtora, isso acaba se frustrando. A construtora está trabalhando e nossa equipe também”, afirmou. Ainda segundo ele, o clube está realizando a vistoria do que já foi concluído. Ele comemorou também a venda de mais de 800 cadeiras do lado da avenida Padre Cacique. 

O primeiro jogo-teste será em 29 de janeiro, pelo Gauchão, contra o São Paulo de Rio Grande, e terá capacidade reduzida. Segundo Carlomagno, a ideia é que o estádio só volte a funcionar com capacidade plena em abril.

Projeto inicial de reforma do estádio dividiu o clube

A reforma do Beira-Rio começou a se desenhar em 2006, ainda na gestão Fernando Carvalho. Naquele ano, o escritório arquitetônico Hype Studio apresentou o projeto de remodelação do estádio, já com a cobertura prevista. No ano seguinte, o então presidente Vitório Piffero colocou o Beira-Rio à disposição da Fifa para sediar jogos da Copa do Mundo de 2014, apresentando também o projeto de modernização. A princípio, a reforma seria feita com recursos próprios. Mas nos anos seguintes, o modelo de reforma dividiu politicamente o clube, deixando de um lado Vitório Piffero, que defendia o uso de recursos próprios, e de outro o atual presidente Giovanni Luigi, que defendia a parceria, e venceu as eleições para a presidência do clube em 2010, com o apoio de Fernando Carvalho.

Ainda em 2010, parte das arquibancadas já havia sido demolida. No início de 2011, com as obras paradas, o Conselho Deliberativo debateu intensamente qual seria o melhor modelo a ser adotado. Depois da definição pelo modelo de parceria, em que uma construtora levantaria o financiamento para as obras em troca da exploração de novas áreas do estádio, restou fechar o contrato. A construtora Andrade Gutierrez foi a escolhida, mas até que o contrato fosse assinado houve muita discussão. A construtora teve dificuldades para obter as garantias que o Bndes exigia para financiar R$ 271,5 milhões dos R$ 330 milhões necessários para a reforma – dinheiro que só seria liberado no final de 2012. Até a presidente Dilma Rousseff teria pressionado a construtora para assinar o contrato, o que acabou acontecendo em março de 2012. 

Ao longo de 2012, o Internacional continuou mandando seus jogos no Beira-Rio, em meio a escombros. Em 2013, o clube mandou todos os seus jogos em outras praças – principalmente no Estádio Centenário, em Caxias do Sul, e no Estádio do Vale, em Novo Hamburgo. Coincidência ou não, foram os anos em que o time teve o pior desempenho no Campeonato Brasileiro desde o início da disputa por pontos corridos, em 2003.

No reencontro com sua casa, os torcedores colorados encontrarão um estádio totalmente remodelado. Além da membrana, o clube se adaptou aos padrões internacionais do futebol e às normas técnicas previstas pela Fifa para poder sediar a Copa do Mundo. Todos os assentos agora têm cadeiras. O estádio conta ainda com 66 novos camarotes e suítes, 55 skyboxes, 5 mil cadeiras VIP, um edifício-garagem - com 3 mil vagas para o torcedor -, além de novos bares e restaurantes.