quarta-feira, 13 de março de 2019

Ministro do STJ manda transferir travesti para cela especial ou feminina no RS

Rogério Schietti decidiu que 'em nenhuma hipótese' ela poderá ser mantida na ala masculina. Ele atendeu a pedido da Defensoria Pública, que citou situação 'extremamente vulnerável'.




O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Rogério Schietti determinou nesta quarta-feira (13) a transferência de uma travesti que cumpre pena no Rio Grande do Sul para uma cela específica ou, caso não haja, para a ala feminina.


A decisão foi tomada após pedido da Defensoria Pública do estado, que apontou situação "extremamente vulnerável" para a acusada Dagmar (o processo apresenta somente o primeiro nome e as iniciais D. S de S.). Ela cumpre pena de 13 anos por crimes patrimoniais no Presídio Estadual de Cruz Alta.


"Concedo a liminar para determinar a colocação da paciente em espaço próprio, compatível com sua identidade de gênero, separada dos homens e mulheres que cumprem pena no Presídio Estadual de Cruz Alta. Não sendo, como tudo indica, possível o imediato atendimento desta determinação, deverá a paciente ser colocada na ala feminina no presídio, preferencialmente em cela individual", determinou.


Dagmar estava em regime semiaberto, quando é possível deixar o presídio durante o dia e voltar para dormir no período noturno. Conforme a defensoria, havia riscos de violência psíquica, moral, física e, quiçá, sexual com a manutenção dela na ala masculina da penitenciária.


O juiz de primeira instância negou pedido para transferência por falta de cela específica. O Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul também negou recurso, embora tenha destacado que seria importante a criação de celas especiais.


Ao analisar o habeas corpus apresentado, o ministro Rogério Schietti destacou que o Presídio Estadual de Cruz Alta não tem cela especial para pessoas LGBT. E que, embora compreenda a falta de estrutura no local, há elementos de constrangimento ilegal da acusada.


Schietti mencionou na decisão o voto do ministro Celso de Mello no julgamento sobre a criminalização da homofobia, no qual, como relator, o decano do Supremo Tribunal Federal votou para que sejam aplicadas as penas de racismo para casos de homofobia. O trecho mencionado foi que o Judiciário tem o papel de prevenir e repreender atos de preconceito e discriminação.



O ministro do STJ afirmou que manter a acusada na ala masculina é "impróprio para quem se comporta como transexual feminina". 


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