Grupo de policiais militares se rebela contra governo da Venezuela
Na terça-feira, um helicóptero roubado da polícia fez disparos e lançou granadas durante uma ação, que foi considerada pelo presidente venezuelano como “terrorista” e “golpista”.
Por G1
A oposição venezuelana convocou um novo protesto nesta quarta-feira (28), um dia após um ataque de helicóptero contra a Suprema Corte e o Ministério do Interior, em mais um capítulo da perigosa escalada da violência que o país enfrenta.
A Força Armada venezuelana está em alerta desde terça-feira (27), quando um helicóptero roubado da polícia fez disparos e lançou granadas durante uma ação, que foi considerada pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, como “terrorista” e “golpista”. Ninguém ficou ferido na ação.
Granadas foram lançadas contra a sede da Suprema Corte, onde estavam reunidos magistrados e foram disparados 15 tiros contra a sede do Ministério do Interior, onde várias pessoas assistiam a um evento social, de acordo com a Reuters.
A oposição convoca os manifestantes a impedir a circulação em ruas e avenidas entre meio-dia e 16h (13h e 17, no Brasil).
Suspeito
Maduro, que enfrenta desde 1º de abril uma onda de protestos exigindo sua saída, disse que forças especiais foram mobilizadas na busca do piloto e do grupo que sequestrou a aeronave do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (CICPC).
O vídeo abaixo mostra o ataque do helicóptero:
Momento en el que helicóptero del CICPC disparó a sede del #TSJ en #Caracas. Reportó @LuisOlavarrieta #27Jun
A aeronave, ainda segundo o presidente, era conduzida por um homem que foi piloto do seu ex-ministro do Interior e Justiça, Miguel Rodríguez Torres, general reformado que se distanciou do governo. Maduro o acusa de envolvimento em um plano para derrubá-lo.
O jornal "El Universal" afirma que o piloto é Óscar Pérez, investigador do Cicpc, que publicou no Instagram vários vídeos em que se identifica como membro de "uma coalizão entre funcionários militares, policiais e civis, em busca do equilíbrio e contra o governo transitório e criminoso".
A imprensa local divulgou um vídeo de um homem que se define como investigador da polícia científica, que teria utilizado o helicóptero e que declara que sua luta é "contra a tirania". "Pedimos que nos acompanhem nesta luta, vamos às ruas (...). Nossa missão é viver a serviço do povo. Exigimos, presidente Nicolás Maduro, sua renúncia imediata (...) e que sejam convocadas de maneira imediata eleições gerais, ", diz o homem no vídeo.
Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, fala com apoiadores na Assembleia em Caracas, na terça-feira (27) (Foto: Miraflores Palace/ Reuters )
Bandeira ‘350 Libertad’
Nas redes sociais, muitos usuários compartilham a foto do helicóptero com duas pessoas. Um delas, com o rosto coberto, exibia uma faixa com os dizeres "350 Libertad", em referência ao artigo 350 da constituição venezuelana que permite ignorar os governos que não respeitam as garantias democráticas.
"O povo da Venezuela, fiel a sua tradição republicana, a sua luta pela independência, à paz e à liberdade, desconhecerá qualquer regime, legislação ou autoridade que contrarie os valores, princípios e garantias democráticas ou mine os direitos humanos", diz o artigo.
Foto que circula nas redes sociais mostra bandeira com a mensagem '350 Liberdad' (Foto: Reprodução G1/ Ramon Rivas/Instagram)
Confusão no Parlamento
Pouco antes nesta terça, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Julio Borges, afirmou que grupos civis armados atacaram a sede do Legislativo após um confronto entre alguns deputados e agentes da Guarda Nacional Bolivariana (GNB). O enfrentamento, que ocorreu dentro da Assembleia, deixou duas mulheres feridas.
"Diferentes deputados e funcionários da Assembleia viram efetivos da Guarda Nacional entrando com algumas caixas do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Lá ocorreu um confronto entre eles e os deputados", afirmou Borges.
A sessão da Assembleia Nacional foi interrompida, e Borges foi conversar com o coronel responsável pela segurança do parlamento para resolver o conflito de forma imediata. Foi quando os grupos civis, segundo o deputado, atacaram a sede do Legislativo.
O líder da oposição indicou que os deputados abordaram os agentes da GNB para saber o que estava ocorrendo, já que é irregular guardar conteúdos do Poder Eleitoral no Legislativo. Eles não deixaram que os parlamentares tivessem acesso ao conteúdo das caixas, o que deu início ao confronto.
Os civis lançaram rojões e outros artefatos dentro do parlamento, como mostram vídeos publicados nas redes sociais. Além disso, parte da fachada do prédio foi danificada e os manifestantes ameaçam entrar "violentamente" no prédio.
Luta armada
"Isto que aconteceu hoje não nos desanima, e sim nos dá mais força para seguir lutando por um país democrático. Isto se chama Maduro, o mesmo que disse que se os votos não servem, servem as balas", declarou o presidente da Câmara, Julio Borges.
O parlamentar se referia à advertência de Maduro, que nesta terça-feira disse que o chavismo defenderá a chamada Revolução Bolivariana inclusive com as armas.
"Se a Venezuela for mergulhada no caos e na violência, e for destruída a revolução bolivariana, iremos ao combate (...) e o que não se pode com os votos tomaremos com as armas", declarou o presidente. Veja vídeodivulgado no You Tube.
Onda de protestos
A onda de protestos contra Nicolás Maduro, que começou em 1º de abril, deixou 76 mortos. Na quinta-feira (22), um jovem morreu em decorrência de disparos à queima-roupa da Guarda Nacional Bolivariana (GNB).
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