Afirmativa feita por empreiteiro Ricardo Pessoa e outro delator consta de ordem de prisão emitida por Sérgio Moro para embasar Operação Resta Um
Um dos colaboradores premiados da Lava-Jato, o empreiteiro Ricardo Pessoa disse à Procuradoria-Geral da República (PGR) que ocorreu repasse de propinas pelo Consórcio Quip diretamente à campanha de Lula à Presidência da República em 2006. Esse consórcio é o responsável pela construção da Plataforma P-53 em Rio Grande (RS) e foi o principal alvo da ação de hoje, denominada pela PF de Resta Um.
Pessoa, ex-presidente da empreiteira UTC, falou que José de Filippi Junior, que atuou como tesoureiro nas campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência em 2006 e de Dilma Rousseff em 2010, recebeu R$ 2,4 milhões destinados pelo consórcio Quip à campanha de Lula.
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O trecho do depoimento está copiado nas ordens de prisão e de busca e apreensão emitidas pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, para deflagrar a Operação Resta Um. Confira o que diz Pessoa:
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"Tal doação foi feita de forma não oficial, tendo sido entregue em dinheiro pelo declarante (Ricardo Pessoa) e por Walmir Pinheiro (do setor financeiro da UTC) diretamente a Filippi. Que Filippi solicitou que a contribuição fosse feita em espécie. Que, pelo que o declarante se recorda, quando Filippi solicitou tal doação à campanha de Lula em 2006, Filippi era prefeito de Diadema (SP). Que a solicitação da contribuição em referência não chegou diretamente à UTC, tendo sido feita à Quip, consórcio encarregado da construçãoda P-53, formado pela Queiroz Galvão, pela UTC, pela IESA e pela Camargo Corrêa".
Pedido de verbas teria sido aprovado pelo conselho da Quip
Pessoa afirma que a solicitação foi feita diretamente a alguém da Queiroz Galvão, que era a líder do consórcio, inclusive com a maior participação. E que o atendimento da solicitação foi aprovado pelo conselho da Quip, em uma reunião entre ele (Pessoa), Ildefonso Collares (Queiroz Galvão), Valdir Carreiro (IESA) e Camerato (Camargo Corrêa).
O relato foi confirmado por Walmir Pinheiro Santana, diretor-financeiro da UTC Engenharia e quetambém celebrou acordo de colaboração premiada. Santana descreveu como os valores eram repassados a José de Filippi Júnior, então tesoureiro da campanha eleitoral de 2006 de Lula e confirmou que o montante entregue teria sido de R$ 2,4 milhões, em espécie. Os valores chegavam a Walmir Pinheiro Santana por um portador da Quip e eram entregues por ele ou pelo próprio Ricardo Pessoa.A Procuradoria-Geral da República ressalta que ainda busca comprovar as afirmações de Pessoa e Santana.
O Instituto Lula ainda não se manifestou sobre as delações de Ricardo Pessoa e Walmir Santana.
José de Filippi Júnior, na época da delação de Ricardo Pessoa, negou com veemência que as doações da UTC tivessem sido irregulares e disse que estavam contabilizadas.
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