sábado, 30 de julho de 2016

Rio 2016: Os Jogos Olímpicos chegam ao Brasil na próxima sexta-feira

Depois de mais de um século, Olimpíadas aterrissam na América do Sul

Depois de mais de um século, Olimpíadas aterrissam na América do Sul | Foto: Christophe Simon / AFP / CP

Correio do Povo

Na próxima sexta-feira terá início a primeira Olimpíada da América do Sul, que acontece no Rio de Janeiro. Durante 17 dias, o mundo estará olhando para o Brasil, que receberá atletas e turistas e buscará alcançar seu recorde de medalhas.

Considerada a maior operação logística da humanidade em tempos de paz, a Olimpíada traz consigo um desafio gigantesco para o Rio de Janeiro e o Brasil. Traz também cerca de 1 milhão de visitantes de aproximadamente 200 países durante um período de 17 dias. Os números são superlativos. A partir das 20h da próxima sexta-feira, dia 5, quando começa a cerimônia de abertura, até o dia 21 de agosto, 10,9 mil atletas lutarão por 306 trios de medalhas  em 42 esportes — as novidades são o rúgbi, que será disputado na modalidade sevens, e o golfe — diante de um público que comprou 7,5 milhões de ingressos. Ao todo, 8 mil funcionários e 45 mil voluntários farão o show acontecer.
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Sob os aros olímpicos, que simbolizam a união entre os cinco continentes, a disputa é ferrenha. O evento atrai alguns dos maiores nomes do esporte mundial. Muitos acabaram ficando de fora pelas mais variadas razões — Roger Federer se lesionou, Yelena Isinbayeva foi suspensa com todo o atletismo russo, Cesar Cielo não se classificou, sem contar alguns astros do basquete americano que não quiseram competir no Rio. Diversos atletas citaram o medo de contaminação com o vírus da zika, apesar de muitos deles terem usado a doença como uma desculpa para esconder outros motivos.
Ainda assim, haverá um desfile de nomes que estão gravados na história olímpica: Usain Bolt, o homem mais rápido do mundo, chegou na última quarta-feira para ir em busca de um recorde absoluto no atletismo: o triplo-triplo, já que defende os ouros que conquistou em Pequim-2008 e em Londres-2012 em três provas: nos 100m rasos, 200m rasos e no 4x100m. Ele é o recordista mundial das duas distâncias. Aos 30 anos, o jamaicano parece ter passado um pouco do seu auge, tem lutado com pequenas lesões e já falou que esta deve ser sua última edição dos Jogos Olímpicos. Será um dos momentos imperdíveis da Olimpíada.
O maior medalhista olímpico da história também defende suas conquistas — e deve se aposentar nas piscinas do Rio de Janeiro. Michael Phelps, que chegou a anunciar aposentadoria depois de Londres-2012, voltou e buscará prolongar seu reinado por muito tempo. Dono de 22 medalhas, sendo 18 de ouro, o nadador americano vai disputar mais quatro este ano: nos 100m e 200m borboleta, 100m livre e 200m medley.
A lista de lendas é grande. Maior nome do tênis atual, o sérvio Novak Djokovic tenta o último grande louro que lhe falta. Seus principais adversários serão o atual medalhista de ouro Andy Murray e o de 2008, Rafael Nadal — que foi escolhido como porta-bandeira da Espanha na cerimônia de abertura, mas sua participação ainda é incerta devido a uma lesão. Dos Estados Unidos, vêm duas duplas familiares lendárias: Venus e Serena Williams e Bob e Mike Bryan. No basquete, Carmelo Anthony, Kevin Durant e Manu Ginobili vão brilhar em quadra. No futebol, o maior jogador brasileiro da atualidade, Neymar, tentará o ouro inédito.
Para o Brasil, aliás, é uma oportunidade única de conquistas e de desenvolver o esporte de alto rendimento. Talvez baseado no fato de que os países anfitriões costumam fazer sua melhor participação histórica na edição que sediam, o Comitê Olímpico Brasileiro estipulou uma meta ousada: ficar entre os dez melhores no quadro de medalhas. Seria uma colocação privilegiada e inédita. Para muitos, o objetivo é exagerado e ainda coloca uma pressão extra sobre os ombros dos atletas, sem oferecer uma contrapartida em termos de condições de trabalho. “Top 10 é para potências olímpicas. O Brasil ainda não é uma potência olímpica”, opina o técnico da seleção de vôlei feminino, Zé Roberto Guimarães, dono de duas medalhas de ouro, com os homens em Barcelona-1992 e com as mulheres em Londres-2012.
Fora de campo ou quadra, a desconfiança é ainda maior. Uma pesquisa encomendada pelo jornal Estado de São Paulo mostrou que 60% dos brasileiros acreditam que os Jogos Olímpicos irão trazer mais malefícios do que benefícios para o país. A esta altura, resta apenas torcer para que eles estejam equivocados.
De olho nos gaúchos
Olimpíada é um evento mundial, cheio de grandes estrelas, mas não são só os Usain Bolt que brilham. Atletas criados ou residentes aqui bem pertinho têm a oportunidade de uma consagração histórica no Rio. Serão ao menos 34 gaúchos ou integrantes de clubes gaúchos competindo.
Dos esportes individuais (ou de dupla), as maiores esperanças de medalha estão no judô e na vela. O grande nome da “delegação gaúcha” é Mayra Aguiar, que apesar dos 25 anos que completará esta semana, já tem a bagagem de duas Olimpíadas. Aos 17, perdeu na primeira luta em Pequim. Em Londres, ganhou bronze.
Neste ciclo olímpico, depois de superar uma série de lesões, Mayra conquistou o título mundial da sua categoria (-78kg) em Chelyabinsk-2014, que lhe credencia como candidata ao topo nesta Olimpíada. “Sonho é algo muito distante. Para mim, a medalha de ouro é um objetivo. Vou fazer de tudo para deixá-la no Brasil”, afirmou.
Para isso, provavelmente terá de bater sua grande rival, a atual campeã olímpica Kayla Harrison, a quem superou na semifinal do Mundial, há dois anos, mas para quem perdeu algumas lutas importantes na carreira. Neste ano, o retrospecto está empatado, com uma vitória da gaúcha no Grand Slam de Paris, em fevereiro, e outra da americana, no Pan de judô de Havana, em maio. O tira-teima tem tudo para ser disputado na final olímpica.
Além de Mayra, outros dois atletas da Oi/Sogipa representam o judô gaúcho. Felipe Kitadai, nascido em São Paulo, é mais um com medalha olímpica no currículo, o bronze conquistado há quatro anos na categoria -60kg. Completa o time a “Raçudinha dos Pampas”, Maria Portela, representante do Brasil no peso médio (-70kg).
Das poluídas águas da Baía da Guanabara, também podem vir medalhas gaúchas. “É um sonho poder participar de cinco edições de Jogos Olímpicos”, comemora a velejadora porto-alegrense Fernanda Oliveira, medalhista de bronze em 2008. Ela e a também gaúcha Ana Barbachan, que formam dupla na classe 470 desde 2009, têm conquistado bons resultados. Este ano, as atletas do Clube dos Jangadeiros ganharam prata no Trofeo Princesa Sofía, na Espanha, e na etapa de Hyères (França) da Copa do Mundo de vela, além do bronze na etapa de Miami. São, portanto, candidatas a pódio na Olimpíada. Na classe Nacra 17, o gaúcho Samuel Albrecht, do Veleiros do Sul, forma com a carioca Isabel Swan (que era dupla de Fernanda no bronze de Pequim) uma outra parceria importante para ficar de olho.
O nadador André Pereira, que passou parte da infância viajando diariamente entre Osório e o Grêmio Náutico União, na Capital, faz parte do time brasileiro no revezamento 4x200m. Sua colega de clube, a pelotense Graciele Herrmann compete nos 50m livre. O GNU também tem remadores e um esgrimista classificados.
Nos esportes coletivos, o grande destaque é a bicampeã olímpica Fernanda Garay, que vai em busca do tri com a seleção de vôlei. Éder e Lucão integram a equipe masculina, igualmente candidata. As seleções de futebol e handebol também têm nomes gaúchos.

Os representantes
Atletismo
Fernanda Borges, lançamento de disco
Lutimar Paes, 800m
Pedro Burmann* (Sogipa), 4x400m
Canoagem velocidade
Gilvan Ribeiro
Edson Isaías
Esgrima
Guilherme Toldo
Futebol
Andressinha
Monica
Fernando Prass
Rodrigo Dourado
William
Walace*
Luan *
Judô
Mayra Aguiar
Felipe Kitadai*
Golfe
Adilson da Silva
Handebol
Babi
Deonise
Tchê
Hispismo
Eduardo Menezes
Natação
André Pereira
Graciele Herrmann
Remo
Xavier Vela
William Giaretton
Rúgbi
Luiza Campos
Tiro Esportivo
Janice Teixeira
Roberto Schmits
Vela
Ana Barbachan
Fernanda Oliveira
Samuel Albrecht
Vôlei
Fernanda Garay
Éder
Lucão
* Nascidos fora do RS

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