Jovem de 22 anos foi rendido pelo condutor armado que o obrigou a sacar R$ 1,2 mil em banco
O que era para ser um retorno seguro para casa transformou-se em pânico para um jovem advogado em Porto Alegre. Na noite de domingo, após sair de um pub na zona sul da Capital, Luan Soares, 22 anos, decidiu pegar um táxi para voltar a sua residência, no bairro Menino Deus — o rapaz deixou o carro em casa porque sabia que iria beber e não devia dirigir, e também achou a opção mais prudente do que pegar um ônibus.
Atento à criminalidade, Soares só não imaginou que o perigo estaria atrás do volante do táxi. Sob a mira de uma arma, ficou refém do motorista por cerca de uma hora e foi obrigado a sacar dinheiro em um banco para ser libertado.
O drama de Soares teve início por volta das 22h30min, quando o rapaz saiu de um encontro com amigos em um bar na Avenida Wenceslau Escobar, no bairro Tristeza. O jovem estendeu o braço na via e entrou no táxi que por ali passava e parou.
— Sentei no banco da frente e falei para ele (o motorista) ir em direção ao Menino Deus. Porém, pedi que ele parasse antes no banco da (Avenida) Getúlio (Vargas) para tirar dinheiro, porque estava só com o cartão. Ele disse "beleza" e começou a seguir o trajeto.
O que seria apenas mais um início de corrida era, na verdade, um crime. Ao passar pelo viaduto Pinheiro Borda, na Avenida Padre Cacique, Soares notou que o motorista havia pegado a pista que se distancia do percurso rumo ao Menino Deus, e alertou o condutor:
— Como conheço o caminho, porque volta e meia faço de carro, comecei a tentar dizer para ele o trajeto certo. Foi aí que ele anunciou o assalto. Puxou uma arma debaixo do banco.
Segundo Soares, o motorista encostou a arma junto ao corpo do rapaz e passou as instruções. "Me disse com toda calma do mundo que não tinha problema (estar só com o cartão), que iria passar (no banco) para retirar dinheiro para ele e que depois ele iria pensar se iria me apagar ou não", escreveu Soares em seu perfil no Facebook, relatando o crime.
O jovem foi levado até uma agência bancária na esquina das avenidas José de Alencar com Getúlio Vargas. Enquanto a rapaz sacava R$ 1,2 mil, o assaltante aguardava em pé do lado de fora, escorado no carro, junto à porta do carona. O prejuízo só não foi maior porque a conta do advogado conta com limite para saque noturno e não permite retirada além do valor entregue ao assaltante.
De volta ao veículo, o motorista seguiu com Soares refém novamente em direção à zona sul, via Vila Cruzeiro. Passada uma hora desde que o jovem havia embarcado no táxi, o veículo estava na Rua Orfanotrófio, próximo à Rua Erechim, quando o ladrão decidiu libertá-lo.
— Ele perguntou o que faria se me largasse lá. Falei que iria andar para frente e não iria olhar para trás. Aí ele disse que então eu fizesse aquilo se não ele iria me apagar. Quando ele abriu a porta saí correndo.
Algumas quadras adiante, Soares conseguiu embarcar em um ônibus da linha Orfanotrófio. Sem celular e carteira — que ficaram com o ladrão — o jovem explicou o que havia ocorrido e o motorista o deixou subir sem pagar. No coletivo, retornou até o bairro Menino Deus, onde desceu e foi direto à 2ª Delegacia de Polícia (DP) da Capital registrar ocorrência.
— Deixei de usar meu carro porque ia tomar uma cerveja com meus amigos, para fazer o certo, e fui surpreendido sendo assaltado por um taxista. O que me dá raiva na situação é que a segurança é inexistente a tal ponto, que quando postei (o relato) no Facebook, vários amigos e conhecidos vieram me contar fatos parecidos — desabafa o jovem.
Titular da 2ª DP, o delegado Cesar Carrion afirma que é a primeira vez que se depara com esse tipo de assalto. A partir das três letras indicadas pela vítima como as iniciais do Siena que o assaltante conduzia — IUH — o delegado vai tentar localizar o veículo e buscar explicações com o proprietário:
— Acredito que o suspeito não seja de fato taxista. É provável que tenha roubado o carro, ou que seja alguém conhecido de um permissionário que possa ter pego o carro sem ele saber. Mas começar (a investigação) pela placa e por ocorrências de roubos de táxi.
De acordo com a assessoria de imprensa da Empresa Pública de Transportes e Circulação (EPTC), a permissão para motorista de táxi é concedida mediante conclusão do curso de formação e apresentação de Carteira Nacional de Habilitação em dia e de certidões negativas criminais das justiças Federal e Estadual.
Candidatos que tenham alguma condenação só podem assumir o volante passados dois anos após o cumprimento total da pena. As certidões informam se a pessoa está quites com a Justiça, mas não apresenta delitos pelos quais ela tenha sido apenas detida ou mesmo presa e liberada depois. Ou seja, antes criminais não bastam para impedir alguém de conduzir táxis na Capital.
Em março deste ano, um taxista auxiliar foi preso suspeito de estuprar uma jovem de 16 anos em dezembro do ano passado. Ele tinha antecedentes por atentado violento ao pudor, posse de drogas, ameaça e furto. Mesmo assim, obteve permissão na conduzir táxi em Porto Alegre. Após o episódio, a EPTC anunciou o início de tratativas com a Polícia Civil para um convênio de intercâmbio de informações. Procurada nesta segunda-feira, a assessoria da EPTC não soube informar o andamento da iniciativa.
O órgão informou também que ainda não foi procurado pela Polícia Civil quanto ao assalto do domingo, mas está à disposição para fornecer todas os dados necessários. A empresa acrescentou que a identificação do veículo, tanto pela placa quanto pelo trajeto (praticamente toda a frota de táxis da Capital já está equipada com GPS), é um procedimento fácil.
, é um procedimento fácil.
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