Pedido foi feito diretamente ao juiz Sérgio Moro, na noite de terça (14).
Júlio Camargo disse que entregou R$ 4 mi a Dirceu a pedido de Duque.
O advogado que representa o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, Roberto Podval, protocolou uma petição na Justiça Federal doParaná, na noite de terça-feira (15), para evitar, novamente, a possível prisão preventiva de seu cliente na Operação Lava Jato.
Segundo Podval, a intenção é que o documento seja analisado diretamente pelo juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância do Judiciário.
"A aflição do peticionário e também de seus defensores a respeito de uma possível ordem de prisão contra si já é fato público e notório. Não apenas pipocam diariamente na imprensa notícias sobre o seu iminente encarceramento, mas, também, todos os dias surgem 'novos' depoimentos que, ainda segundo a mídia, complicariam a situação do peticionário", disse o advogado na petição.
Durante um depoimento prestado à Justiça Federal do Paraná, na tarde de terça, o executivo da Toyo Setal e delator da Lava Jato Júlio Camargo disse que entregou R$ 4 milhões para José Dirceu a pedido de Renato Duque, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras.
A Toyo Setal é uma das fornecedoras da Petrobras e é investigada por pagar propina para executivos da empresa em troca de contratos.
Ainda durante o depoimento, Júlio Camargo disse que o pagamento ao ex-ministro foi feito a pedido do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, que está preso no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. A informação foi confirmada pelo Bom Dia Brasil.
Roberto Podval nega as acusações e disse estranhar que Júlio Camargo não tenha tocado no assunto em depoimentos anteriores. A defesa de Duque, representada pelo advogado Renato de Moraes, também negou a acusação.
"Renato Duque, além de negar ter mandado entregar recursos a quem quer que seja, estranha o fato de o delator Júlio Camargo somente declarar tal mentiroso episódio depois de vários depoimentos prestados à 'Força Tarefa' e à Procuradoria Geral da República. Retrato de delações feitas a conta-gotas e ao gosto da acusação", disse o advogado.
No final da petição protocolada na Justiça Federal do Paraná, o advogado Roberto Podval disse ainda que José Dirceu não pretende fugir. "José Dirceu não vai fugir. Como se vê, ironicamente, seu local é tão certo e sabido, que até a imprensa aguarda a chegada da Polícia Federal em sua porta."
Terceira tentativa
Esta é a terceira tentativa da defesa de tentar livrar o ex-ministro de uma possível prisão na Lava Jato. No dia 2 de julho, foi impetrado um pedido de habeas corpus preventivo.
Na ocasião, os advogados alegaram que o ex-ministro tem colaborado com as investigações sobre o escândalo de corrupção e que quer evitar um "constrangimento ilegal" com uma possível prisão do ex-ministro. Segundo os advogados, na sua vida política, Dirceu "não construiu castelos, não criou impérios ou acumulou fortuna". O pedido foi negado.
Depois, no dia 9 de julho, os advogados do ex-ministro entraram com agravo regimental pedindo que a Justiça revisasse a decisão liminar que negou o habeas corpus preventivo. Até a manhã desta quarta, o pedido não tinha sido julgado.
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