quarta-feira, 15 de julho de 2015

Pela 3ª vez, defesa de Dirceu tenta evitar possível prisão na Lava Jato

Pedido foi feito diretamente ao juiz Sérgio Moro, na noite de terça (14). 

Júlio Camargo disse que entregou R$ 4 mi a Dirceu a pedido de Duque.

Adriana Justi
Do G1 PR
José Dirceu, saída de prisão para trabalho externo, em junho de 2014 (Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)
José Dirceu é ex-ministro da Casa Civil
(Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)
O advogado que representa o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, Roberto Podval, protocolou uma petição na Justiça Federal doParaná, na noite de terça-feira (15), para evitar, novamente, a possível prisão preventiva de seu cliente na Operação Lava Jato.
Segundo Podval, a intenção é que o documento seja analisado diretamente pelo juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância do Judiciário.
"A aflição do peticionário e também de seus defensores a respeito de uma possível ordem de prisão contra si já é fato público e notório. Não apenas pipocam diariamente na imprensa notícias sobre o seu iminente encarceramento, mas, também, todos os dias surgem 'novos' depoimentos que, ainda segundo a mídia, complicariam a situação do peticionário", disse o advogado na petição.
José Dirceu não vai fugir. Como se vê, ironicamente, seu local é tão certo e sabido, que até a imprensa aguarda a chegada da Polícia Federal em sua porta."
Roberto Podval, advogado
Durante um depoimento prestado à Justiça Federal do Paraná, na tarde de terça, o executivo da Toyo Setal e delator da Lava Jato Júlio Camargo disse que entregou R$ 4 milhões para José Dirceu a pedido de Renato Duque, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras.
A Toyo Setal é uma das fornecedoras da Petrobras e é investigada por pagar propina para executivos da empresa em troca de contratos.
Ainda durante o depoimento, Júlio Camargo disse que o pagamento ao ex-ministro foi feito a pedido do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, que está preso no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. A informação foi confirmada pelo Bom Dia Brasil.
Roberto Podval nega as acusações e disse estranhar que Júlio Camargo não tenha tocado no assunto em depoimentos anteriores. A defesa de Duque, representada pelo advogado Renato de Moraes, também negou a acusação.
"Renato Duque, além de negar ter mandado entregar recursos a quem quer que seja, estranha o fato de o delator Júlio Camargo somente declarar tal mentiroso episódio depois de vários depoimentos prestados à 'Força Tarefa' e à Procuradoria Geral da República. Retrato de delações feitas a conta-gotas e ao gosto da acusação", disse o advogado.
No final da petição protocolada na Justiça Federal do Paraná, o advogado Roberto Podval disse ainda que José Dirceu não pretende fugir. "José Dirceu não vai fugir. Como se vê, ironicamente, seu local é tão certo e sabido, que até a imprensa aguarda a chegada da Polícia Federal em sua porta."
Terceira tentativa
Esta é a terceira tentativa da defesa de tentar livrar o ex-ministro de uma possível prisão na Lava Jato. No dia 2 de julho, foi impetrado um pedido de habeas corpus preventivo.

Na ocasião, os advogados alegaram que o ex-ministro tem colaborado com as investigações sobre o escândalo de corrupção e que quer evitar um "constrangimento ilegal" com uma possível prisão do ex-ministro. Segundo os advogados, na sua vida política, Dirceu "não construiu castelos, não criou impérios ou acumulou fortuna". O pedido foi negado.
Depois, no dia 9 de julho, os advogados do ex-ministro entraram com agravo regimental pedindo que a Justiça revisasse a decisão liminar que negou o habeas corpus preventivo. Até a manhã desta quarta, o pedido não tinha sido julgado.

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