segunda-feira, 8 de junho de 2015

E OS OUTROS? Deputado gaúcho é suspeito de exigir parte de salário de assessores

Reportagem do Fantástico exibiu gravações que indicam suposta extorsão de salários de assessores de Diógenes Basegio (PDT) e esquema para aumentar...


ex-chefe de gabinete de Dr Baségio diz que assessores devolviam parte ou todo o salário
Foto: Marcelo Bertani  / Assembleia Legislativa/Divulgação
Uma reportagem do programa Fantástico, da TV Globo, apontou  suspeitas de irregularidades em gabinete da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Vídeos gravados por um ex-chefe de gabinete e pela reportagem da RBS TV mostraram extorsão de salários de funcionários e um golpe para aumentar o valor da indenização por uso de veículo particular em serviço. A investigação de três meses, feita pelo repórter Giovani Grizotti, registrou indícios de crimes envolvendo deputados de quatro Estados. No Rio Grande do Sul, as suspeitas foram reveladas por um ex-chefe de gabinete de Diógenes Basegio (PDT). Neuromar Gatto diz que assessores ocupantes de cargo de confiança (CCs) devolviam ao parlamentar parte ou todo o vencimento mensal. Em um dos vídeos gravados pelo ex-chefe de gabinete, o assessor Álvaro Ambrós afirma que devolvia entre “R$ 3,2 mil e R$ 3,3 mil” de um salário de R$ 7,7 mil.
– Essas pessoas traziam os valores e entregavam a mim. E eu, naturalmente, passava ao deputado esses valores, como consta nas gravações – afirma Gatto, que era o “arrecadador” do esquema e atuava em Passo Fundo, território eleitoral do pedetista.
Outra gravação mostra o publicitário de Passo Fundo Paulo Marins, que organizou campanhas de Basegio, entregando a Gatto o que seria parte do salário de sua mulher, Eliane Marins, assessora do gabinete até dezembro de 2014. A reportagem exibiu ainda flagrante em que a dona de casa Hedi Vieira, também de Passo Fundo, admite, sem saber que era gravada, que devolvia o salário a Basegio e que era assessora “só no papel”.
Após fazer a arrecadação, Gatto afirma que entregava os valores ao deputado. Um vídeo mostra Basegio recebendo pacotes de dinheiro. Um, formado por notas de R$ 10, despertou uma queixa do parlamentar, em tom de ironia.
– Mas, meu Deus, que pobreza essa gente – afirma.
A investigação da RBS TV também coloca sob suspeita a forma como é feita a prestação de contas dos gabinetes para o recebimento da indenização por uso de carro particular em serviço. Esse ressarcimento garante ao parlamentar o reembolso de R$ 0,86 por quilômetro rodado.
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Odômetro alterado para garantir verba
Ex-chefe de gabinete de Diógenes Basegio (PDT), Neuromar Gatto apontou fraude para burlar os mecanismos de controle da Assembleia Legislativa, que, periodicamente, anota o registro dos odômetros. Segundo Gatto, veículos são levados até oficinas, nas quais a quilometragem é aumentada artificialmente.
– Você joga para cima essa quilometragem lá – diz Gatto, que relatou ter ido a uma mecânica da zona norte de Porto Alegre umas “seis ou sete vezes” para fazer a adulteração em favor de Basegio.
Para mostrar como a fraude é realizada, ele levou o próprio carro até o local. O golpe foi registrado por câmeras escondidas no veículo, instaladas pela RBS TV. Em menos de meia hora, a quilometragem marcada pelo odômetro foi aumentada em 5 mil quilômetros.
O custo do serviço foi de R$ 80. Durante a gravação, Gatto perguntou ao mecânico se carros da Assembleia costumam ser levados ao local, para ter a quilometragem aumentada.
– Tão vindo – respondeu o mecânico.
Questionado sobre o esquema, o presidente da Assembleia, deputado Edson Brum (PMDB), condenou a prática.
– Isso é uma vergonha. E quem cometeu esse tipo de crime, sendo comprovado, tem de pagar por isso – afirmou.
O QUE DIZ O DEPUTADO DIÓGENES BASEGIO (PDT)
Afirma desconhecer o esquema de alteração do odômetro. Sobre as supostas extorsões, afirma que o dinheiro que aparece nas imagens era de sua conta, destinado ao pagamento de funcionários do Interior que não são oficialmente ligados ao parlamento:
- Não, jamais existiu neste gabinete qualquer funcionário fantasma. Existe transparência, existe controle. Jamais chegou a nós dinheiro de qualquer funcionário.
O QUE DIZ O PUBLICITÁRIO PAULO MARINS
Afirma que o dinheiro repassado a Neuromar Gatto, no vídeo, era referente ao pagamento de uma comissão. Diz que sua mulher trabalhava para Basegio realizando escuta de rádios e leitura de jornais de Passo Fundo para depois repassar as informações ao deputado.
O QUE DIZ A DONA DE CASA HEDI VIEIRA
Não quis se manifestar.

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