Segundo os policiais, ele roubou por puro desespero, já que não comia há dois dias
Os agentes Vanderli (E), Ricardo e Kelen sensibilizaram-se com a história de Mario (de camiseta cinza) Foto: Ricardo Machado / Divulgação
Rosângela Monteiro
Policiais civis da cidade de Gama, no Distrito Federal, ficaram sensibilizados com a história de um ladrão e acabaram dando uma força para o homem. Além de pagar a fiança de R$ 270 para Mario Ferreira Lima não ficar na prisão, fizeram o rancho do mês para o eletricista desempregado.
Ele foi pego em flagrante nesta quarta-feira, dia 13, roubando uma peça de carne em um supermercado de Santa Maria, no Distrito Federal.
O agente Ricardo Machado estava de plantão quando o homem chegou e viu ele passando mal ao saber que seria preso pelo roubo. Ricardo e outros colegas descobriram que ele não comia há dois dias. Tinha pego a carne por puro desespero, para alimentar o filho de 12 anos que mora com ele.
— Ele esteve na casa da mãe, para pedir dinheiro para comprar comida. Ela não tinha, e ele foi no mercado. Comprou seis bananas, quatro pães e uma bandeja de presunto. Quando passou no caixa, foi preso em flagrante porque o pessoal já estava cuidando ele, já tinha visto que havia colocado a peça de carne na bolsa — explica Ricardo.
No depoimento à polícia, Mario contou que se confundiu com as datas e achou que já tivesse caído na sua conta os R$ 70 que recebe por mês do Bolsa Família, mas o dinheiro só vai entrar na próxima segunda-feira, dia 18. Teria escondido a carne porque seu saldo não dava para pagar tudo que tinha pego para alimentar ele e o filho.
O drama, confirmado depois pelos policiais, sensibilizou toda a delegacia: Mario explicou ter perdido o emprego com carteira assinada como eletricista quando a mulher sofreu um acidente e ficou em coma por oito meses.
Ela acaba de sair do hospital e nem pode ficar na casa deles, em Jardim Ingá, no Estado de Goiás, 30km distante do lugar onde ele foi preso. Acontece que o lugar é muito precário, chega a chover dentro da residência. Mario tem saído atrás de bicos, mas diz que há dois meses não consegue nada.
A história ficou conhecida na cidade de Gama, e o eletricista recebeu mais ajuda nesta quinta-feira, dia 14: vai ganhar um celular dos policiais para atender às ligações que estão chegando para oferecer emprego.
— Ele é uma pessoa trabalhadora. Vimos na casa dele que tem curso no Senai. A situação levou ele a isso. Não justifica, mas explica. Ele sabe que vai responder processo criminal, mas diz que esta prisão foi a maneira que Deus encontrou para ajudá-lo.
DIÁRIO GAÚCHO
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