De Fora da Área
Jornalista não entende a pressão que se faz sobre o comandante colorado
Certa vez, em um roda de conversa entre amigos, cogitou-se a possibilidade de que trocássemos de profissão. Qual a atividade que cada um abraçaria ou rejeitaria liminarmente? Na minha vez, deixei os amigos surpresos. Eu ficaria à vontade em muitas profissões, menos na de técnico de futebol, apesar da facilidade com que alguns enriquecem na base de contratos milionários. E acrescentei:"Eu chutaria o balde quando ouvisse perguntas inconvenientes e inexplicáveis."
Ou talvez nem tanto. Só responderia com monossílabos, colocando o questionador desastrado num beco sem saída. Aquela conversa ficaria guardada num desvão da memória não fosse o calvário em que o técnico Diego Aguirre se meteu, aceitando o convite para trabalhar no Beira-Rio. Todos os dias, sem exceção, leio e escuto afirmações de que o cargo do técnico está a perigo. Afirmações disparatadas, ociosas, sem nenhum fundamento plantado na realidade factual do time e do clube. No campo, o time vence e, no clube, a única pessoa com legitimidade e força para demitir Diego Aguirre, o presidente Vitorio Piffero, nem sequer cogita da possibilidade.
De sua parte, o técnico mostra um comportamento civilizado, sem comparação com alguns outros profissionais que trabalharam na Capital em épocas diferentes. Não ofende árbitros, não desrespeita com gestos ou palavras seus jogadores e não se incomoda com uma minoria de torcedores que quer ver o time vencendo todas as partidas de goleada, com atuações individuais impecáveis.
A educação do Diego Aguirre tem a solidez de uma muralha erguida para resistir tempestades e invasores interessados em desestabilizá-lo emocionalmente. E, por isso, tem da minha parte respeito e admiração. Quem se indispor com o que digo, sugiro imaginar-se técnico de futebol, tendo que ouvir, logo após vencer uma partida, perguntas sobre a possibilidade de sua demissão. As perguntas até podem ocorrer, mas são uma brincadeira de mau gosto quando feitas em primeiríssimo lugar, no momento em que o técnico e seus jogadores comemoram a vitória.
Só não utilizo palavras mais duras para verberar a forma deselegante com que Diego Aguirre é tratado por alguns dos seus críticos, sabichões do futebol, porque a maioria da torcida colorada quer sua permanência no Beira-Rio. E não leva a sério previsões e conjecturas que se prestam para estudos de psicanálise, muito além dos microfones das emissoras de rádio e das páginas dos jornais. Ao menos, devemos ao Diego Aguirre, que no passado vestiu o manto vermelho sagrado, um pouco da melhor hospitalidade gaúcha, numa reciprocidade ao tratamento que sempre recebemos no Uruguai. (ZH)
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