(Public. Jornal O Correio desta quarta - 11.março.2015 )
Tenho amigos no campo que contestam totalmente os especialistas da meteorologia. Os estudiosos do tempo dizem vai fazer tempo bom. E os tauras do outro lado, na campanha, afirmam que chove... Logo depois cai um toró memorável e ficamos todos de bocas abertas diante da “mágica” dos farroupilhas. Mas não parece ter nada de especial na previsão guasca. É que segundo eles, há sinais que encaminham a esta conclusão. Tipo as formigas que se recolhem de suas trilhas mesmo quando o sol ainda brilha e os cupins que se apressam para lacrar seus termiteiros ainda que todos apostem em céu de brigadeiro.
Também os animais, vacas, cavalos, ovelhas, repentinamente abandonam suas pastagens e se redirecionam para estábulos ou para locais abrigados. A chuva vem aí.
No Brasil no momento, a presidente Dilma, navega por um mar de lama, de denúncias, de propinas e falcatruas. A corrupção no episódio Petrobrás é, de longe a maior em termos de desvios em todos os tempos. Por baixo, se calcula inicialmente, faltando ainda quase tudo a ser investigado, que pelo menos 4 bilhões de reais se foram entre diretores politicamente indicados para a empresa estatal. Os resultados que começam a aparecer já colocaram na cadeia mais de 60, e parecem dar base de que se consolide acusações de suborno a deputados e senadores bem como financiamentos de campanhas.
Mas, para Dilma, como num mundo imaginário, a “crise econômica é conjuntural” e mesmo que Lula tenha dito que os problemas internacionais na economia eram mera “marolinha” para o Brasil, a atual presidente afirma só agora que “o país vive neste momento os reflexos da crise mundial”. Dilma tem sido vaiada e xingada aos gritos, hostilizada por onde anda. E hoje, não consegue nem com a nova equipe econômica que nomeou, diminuir os problemas dos caminhos errados do primeiro mandato que fez ruir as contas públicas, que atingiu profundamente a credibilidade do Brasil e fez eclodir uma recessão na atividade produtiva.
A Petrobrás se desmancha pouco a pouco. Por falta desta confiança e com o agravamento da própria crise política, com a absoluta falta de apoio às reformas, o dólar chega e passa do patamar dos 3 reais pela primeira vez na última década. Enquanto isto Executivo e Congresso brigam, discutem e olham apenas para seus umbigos esquecendo interesse do povo e da própria nação.
As perspectivas é de que as coisas piorem.
Impossibilitados pelo cargo da atual da presidente de investigá-la por fatos ocorridos em 2010, a Procuradoria Geral da União vai atrás do ex-ministro Antônio Palocci dentro das investigações da Operação Lava-Jato. Palocci teria pedido um repasse de R$ 2 milhões do caixa do PP abastecido com dinheiro da Petrobrás para a campanha de Dilma que ele coordenava. A verdade tem que aparecer.
No campo, depois de tantos indícios, o homem que convive com esta realidade, coloca as barbas de molho, interpreta que a tempestade pode mesmo cair e também toma suas providências para evitar prejuízos.
No Brasil, depois de sinais de impopularidade e desgosto do povo em relação aos descaminhos do atual governo, somados aos descalabros de uma classe política que se serve do poder em vez de a ele servir, boa parte dos investidores e dos empresários recuam, diminuem aplicações e atividades e estagnam completamente.
Nas ruas o brasileiro marca para domingo, um manifesto nacional pedindo o impeachment da presidente. Demonstração de absoluto descontentamento com a situação atual.
O próprio ex-presidente Fernando Henrique afirma porém, que tirar a presidente no momento não adiantaria nada.
Um Congresso com 20 e poucos partidos e um governo que tem em torno de 40 ministérios, não pode dar certo.
Certo ou errado, formigas, cupins, moscas, cavalos, vacas, carneiros começam a se recolher diante da eminente tempestade que a crise pode trazer.
Cabe a nós acreditarmos em sol a pino ou raios e trovões no horizonte do Gigante pela própria natureza.
Por via das dúvidas já coloquei à mão guarda chuva, capa, botas e galochas. E que venha o domingo.
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