quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Maioria dos gaúchos defende pena de morte, porte de arma e é contra a liberação da maconha

Comportamento

Maioria dos gaúchos defende pena de morte, porte de arma e é contra a liberação da maconha

Levantamento do Instituto Index mostra também que grande parte dos entrevistados é a favor da redução da maioridade penal

19/02/2015 | 04h01
Maioria dos gaúchos defende pena de morte, porte de arma e é contra a liberação da maconha Félix Zucco/Agencia RBS
58,3% dos entrevistados é favorável ao porte de armas para quem o desejarFoto: Félix Zucco / Agencia RBS
Apesar do debate cada vez mais intenso sobre a descriminalização do uso de drogas e a necessidade de reduzir o arsenal existente no Brasil, a maioria dos gaúchos está na contramão dessas posições liberais. 

Pesquisa feita em 6 e 7 de fevereiro pelo Instituto Index, em 30 municípios do RS, revela um perfil bastante conservador dos moradores do Estado, no assunto segurança pública. A maioria dos 1,2 mil entrevistados é favorável à pena de morte, ao porte de arma (para quem o desejar), à redução da maioridade penal e contra a liberação da maconha.



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No caso da maioridade penal, grande parte dos entrevistados pede rigor extremo. Nada menos que 40,5% quer que sejam passíveis de ir para prisão até os menores de 16 anos. A maioria (50,8%), porém, se contenta em que a idade das penalizações seja reduzida para os 16 anos. Apenas 8,8% dos pesquisados se mostraram favoráveis à maioridade penal que está em vigor, de 18 anos.


A pesquisa, primeira do gênero feita pelo Index, mostra que a visão punitiva predomina entre os gaúchos. Veja os percentuais em alguns temas polêmicos:
84,8% aprova a Balada Segura.
54,1% é a favor de prisão para quem ingerir bebida alcoólica (qualquer quantidade) e dirigir.
53,8% acham que as drogas são o fator que mais influencia no cometimento de crimes.
58,3% é a favor do porte de armas, para quem o desejar.
55,1% são a favor da pena de morte.
52,3% são contra a liberação da maconha.


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O cientista social Caco Arais, coordenador da pesquisa da Index (que há 23 anos faz pesquisas, sobretudo direcionadas a diagnóstico de gestão em municípios gaúchos), não encara com surpresa os resultados da enquete. Ele considera os posicionamentos dos entrevistados naturais, num Estado em que parlamentares conservadores foram os mais votados nas últimas eleições.

Arais diz que esperava resultados até mais cautelosos e se surpreendeu com a relativa liberalidade dos gaúchos em alguns temas. É o caso da liberação da maconha: 40% dos entrevistados se manifestaram a favor e 52,3% contrários.

— Isso é alto, em se tratando de um produto cujo consumo é proibido há décadas e décadas — pondera o cientista social.

O uso de armas, também: 66,8% dos entrevistados disseram que jamais usariam uma, mesmo quando favoráveis ao porte.



O professor colombiano Juan Fandino Mariño, pesquisador do Núcleo de Estudos sobre Violência da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), tampouco se espanta com os resultados da pesquisa, embora ressalte que é preciso realizar vários estudos para ver a evolução das opi­niões. 

Ele acredita que o viés conservador, esboçado em opiniões como o apoio maciço à redução da maioridade penal, se deve, em parte, a uma reação "primitiva" da população aos crimes.

— Como a sociedade ainda não consegue assistir e orientar adequadamente os jovens com desvio de conduta, os entrevistados apoiam a solução fácil, o encarceramento. Não enxergam que prisão pode complicar a situação de um adolescente — pondera Mariño.



Em relação à maconha, o especialista considera que o Uruguai está lidando com mais maturidade: avanços graduais no debate, sem encarceramento.

A pesquisa também aborda temas menos ideológicos. É o caso de assaltos: 30,5% dos entrevistados dizem que já foram assaltados. Apesar de alto, o número é bem menor que a média brasileira. Conforme pesquisa do Ibope feita em 2013, 80% dos brasileiros afirmam que já foram roubados.

A maioria dos entrevistados também considera que o mais grave problema na segurança pública é a falta de policiais (51,2%).


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