Terror
Após ataque, clima em Paris é de perplexidade e comoção
Brasileira relata pânico logo após atentado contra revista satírica 'Charlie Hebdo'. Terroristas deixaram doze mortos e cinco feridos em estado grave
Daniela Fetzner, de Paris
Cherif Kouachi e Said Kouachi, dois dos três suspeitos do ataque à revista 'Charlie Hebdo' - AFP
Horas depois do atentado à redação da revista satírica Charlie Hebdo, que deixou doze mortos e cinco feridos em estado grave, o clima no 11º distrito de Paris é de choque e comoção. Em torno do bloqueio policial que isola a área do ataque terrorista e onde a perícia continua trabalhando, vizinhos e curiosos enchem as ruas ao lado da imprensa internacional. “Esta zona é normalmente bastante calma, nunca vi tanta gente aqui”, diz Manuel Godefrey, que trabalha em um café próximo à sede do Charlie Hebdo e chegou pouco depois do atentado.
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A brasileira Jucilaine Barrault, que mora a poucos metros do prédio onde funciona a revista, estava em casa no momento do atentado e disse ter ouvido o barulho dos tiros. Da janela, ela viu dois homens encapuzados entrarem em um carro e fugirem. “Logo começou o pânico, com pessoas correndo de um lado para outro, muito assustadas, e policiais que chegavam”, contou. “Fiquei preocupada com meu filho, que estava saindo da escola e chegaria logo em casa, e pedi para que meu marido fosse buscá-lo”, disse Jucilaine. Morando há poucos meses no bairro, ela via com frequência uma viatura da polícia parada em frente ao prédio onde funciona a redação do Charlie Hebdo, que estava sob proteção policial desde 2006.
Outra moradora do bairro, que não quis se identificar, também viu os terroristas saindo do prédio. “Moro aqui há dezenove anos e tinha medo que isso pudesse acontecer um dia, depois de tantas ameaças”, disse. A preocupação com a segurança era frequente e ela afirma ter notado, há três dias, a presença de um novo morador de rua que passava a noite próximo ao prédio do Charlie Hebdo. “Era um rapaz com boa aparência, não parecia mendigo”, disse, sugerindo que ele pudesse ter alguma relação com os terroristas.
A cabeleireira Christine Marchina, que trabalha há dez anos no bairro, não sabia que a sede da revista satírica ficava ali, mesmo já tendo notado a presença constante da polícia. “Não se fala de outra coisa hoje, estamos todos chocados”, disse.
Nesta noite, milhares de manifestantes estão reunidos na Place de la République, em Paris, para prestar homenagem às vítimas do atentado. Outras manifestações estão previstas em todo o país. - VEJA -
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