quarta-feira, 5 de março de 2014

França alerta: se não recuar, Rússia pode enfrentar sanções da UE

Diplomacia

França alerta: se não recuar, Rússia pode enfrentar sanções da UE

Segundo ministro francês, sanções estarão na pauta da reunião de quinta-feira. Senado russo estuda lei para reagir contra países que adotarem a medida

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Soldado da força aérea ucraniana descansa sobre sacos de areia na base militar de Belbelk, na Ucrânia
Soldado da força aérea ucraniana descansa sobre sacos de areia na base militar de Belbelk, na Ucrânia - Viktor Drachev/AFP
O ministro francês das Relações Exteriores fez um alerta nesta quarta-feira ao presidente russo Vladimir Putin: a União Europeia não descarta impor sanções contra a Rússia caso o país não recue na sua pretensão de invadir a Crimeia, no Sul da Ucrânia. Segundo Laurent Fabius, o tema será discutido nesta quinta-feira, durante reunião dos líderes do bloco europeu.
“A invasão de um país por outro contraria todas as leis internacionais. Devemos retomar o diálogo e ter em mente que a Ucrânia poderia trabalhar em conjunto com a Rússia e com a UE”, afirmou Fabius em sua conta no Twitter. “Não podemos aceitar, nós os membros da comunidade internacional, um país que invada outro”, completou.
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Diante das evidências de que Putin não pretende ceder, os Estados Unidos já começaram a adotar medidas diplomáticas para pressionar Moscou: anunciaram a suspensão de toda a cooperação militar com a Rússia, incluindo encontros bilaterais e manobras militares conjuntas, e a suspensão das negociações de um tratado comercial.
O próximo passo caso o Kremlin não reverta seu curso é, segundo diplomatas americanos, cancelar a emissão de vistos e congelar os ativos financeiros nos EUA dos oficiais russos no comando da operação na Crimeia, bem como os de instituições financeiras controladas pelo Estado russo. A estratégia da Casa Branca é tentar, aos poucos, impactar a Rússia no bolso, freando as relações comerciais e financeiras de Moscou com o Ocidente.
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Até agora, contudo, o país agia sem o apoio europeu: os líderes do bloco haviam indicado que pretendiam adotar medidas bem mais limitadas, como suspender a venda de armas à Rússia e as conversas diplomáticas com Moscou não relacionadas à crise na Ucrânia. Sanções econômicas estavam descartadas até aqui, por uma simples razão: o enorme volume de negócios entre russos e UE. Sem o apoio europeu, as sanções adotadas unilateralmente pelos Estados Unidos podem se revelar inócuas para convencer Vladimir Putin a bater em retirada – os EUA não figuram sequer entre os 10 maiores parceiros comerciais da Rússia; o total de exportações e importações entre os dois países está na casa dos 40 bilhões de dólares por ano. Enquanto isso, os negócios russos com a União Europeia somam por volta de 340 bilhões de dólares no mesmo período.
Resposta russa – O Senado russo informou nesta quarta que elabora um projeto de lei para confiscar ativos estrangeiros em resposta a possíveis sanções contra Moscou por causa da intervenção militar russa na Crimeia. "A minuta de lei contempla conceder estas faculdades ao presidente e ao governo para proteger nossa soberania", disse à agência oficial RIA Novosti o chefe do Comitê de Legislação Constitucional do Senado, Andrei Klishas, autor da iniciativa.
"Não duvidamos que isso corresponda aos padrões europeus. Basta lembrar o exemplo do Chipre, quando a desapropriação foi de fato uma das condições exigidas pela União Europeia para que o país recebesse a ajuda", comentou. Além disso, acrescentou que caso sua iniciativa prospere, ela estará limitada por uma lei federal. "Toda sanção terá sua resposta", resumiu Klishas.
Diplomacia – Nesta quarta, o secretário de Estado americano John Kerry tem uma reunião com o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov. As conversas entre os representantes de Washington e do Kremlin são consideradas cruciais para por fim à crise. Os Estados Unidos acusam a Rússia de cometer um “ato de agressão contra a Ucrânia”, o que Moscou nega. Apesar das diferenças, os dois lados têm sugerido que preferiam iniciar um diálogo.

Cronologia dos protestos na Ucrânia

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A recusa ucraniana - 29 de novembro

O presidente ucraniano, Viktor Yanukovich (esq), ao lado do presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz
A União Europeia (UE) não conseguiu convencer a Ucrânia a assinar um acordo selando sua aproximação com o Ocidente, em função da pressão de Moscou, o que constitui uma derrota para os europeus. No final da terceira cúpula da Parceria Oriental entre a UE e seis ex-repúblicas soviéticas - Ucrânia, Geórgia, Moldávia, Bielo-Rússia, Armênia e Azerbaijão - os resultados foram aquém do esperado. Somente Moldávia e Geórgia assinaram o acordo. O presidente ucraniano Viktor Yanukovich explicou que, antes de firmar um acordo, Kiev necessita "de um programa de ajuda financeira e econômica" da UE. "Não se pode, tal e como quer o presidente ucraniano, pedir que paguemos para que a Ucrânia entre nesta associação", retrucou François Hollande, presidente da França. Saiba mais sobre por que UE e Rússia querem tanto a Ucrânia.


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