quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Contra o Flamengo, Clemer busca segunda vitória como interino para se firmar no Inter

Do outro lado estará Jayme de Almeida, auxiliar que foi efetivado como técnico do time carioca neste Brasileirão

Contra o Flamengo, Clemer busca segunda vitória como interino para se firmar no Inter Tadeu Vilani/Agencia RBS
Se vencer mais uma, Clemer ganha mais moral e tem chances de ser confirmado como técnico Foto: Tadeu Vilani / Agencia RBS
Quando Inter e Flamengo se enfrentaram pelo primeiro turno do Campeonato Brasileiro, em 21 de julho, Clemer ainda era treinador da equipe sub-17 e Jayme de Almeida não passava de um auxiliar. Menos de três meses depois, muita coisa mudou na vida dos dois profissionais. O ex-goleiro foi promovido para os juniores e, em seguida, após a demissão de Dunga, guindado ao time principal. No clube carioca, com o apoio de ídolos como Zico e Adílio, o ex-zagueiro acabou efetivado, pelo menos até o final do ano.
Nesta noite, no Maracanã, Clemer e Jayme se enfrentam. Se vencer mais uma — estreou com vitória sobre o Fluminense —, o interino do Inter ganha mais moral e tem chances de ser confirmado como técnico, seguindo a trajetória do atual treinador rubro-negro. O duelo no Rio começa às 21h.
A relação de interinos efetivados neste Brasileirão começou com o santista Claudinei Oliveira, mantido no cargo mesmo após levar 8 a 0 do Barcelona. O Criciúma também bancou o auxiliar Silvio Criciúma, mas depois o demitiu. Mesmo caminho do Coritiba, que em 2012 promoveu Marquinhos Santos, substituído na semana passada por Péricles Chamusca. No lanterna Náutico, a diretoria chegou a anunciar que o auxiliar Levi Gomes ficaria até o final do ano, mas 16 dias depois o trocou por Marcelo Martelotte.
No Brasil, são diferentes as trajetórias de interinos (veja quadro). Muitos aproveitaram a chance e foram efetivados, outros tiveram que sair dos clubes onde estavam para receber oportunidades. Também há casos, como o de Milton Cruz, no São Paulo, que prefere ser um auxiliar permanente — já são 24 anos no cargo.
Adversário do Inter esta noite, o Flamengo é, sem dúvida, o time que mais deu sorte com técnicos que eram para ser provisórios. Em 1987, o interino Carlinhos assumiu a equipe e a conduziu ao título brasileiro. Em 1992, o treinador voltaria a conquistar o Nacional com o clube carioca. No Brasileirão de 2009, a história se repetiu. Dessa vez foi Andrade quem assumiu no meio da competição e, no fim do campeonato, levantou a taça.
— Vivi essa situação (de interinidade) durante muito tempo — destaca Andrade, lembrando que ajudou o Flamengo a se livrar do rebaixamento em 2004.
O campeão brasileiro de 2009 aponta como como principal vantagem dos interinos o conhecimento sobre o clube e elenco que assumem.
— A própria torcida te coloca no time. Ganhei dois jogos e a torcida começou a gritar meu nome — recorda o técnico, hoje com 56 anos.
A identificação com o time também pesa a favor de muitos interinos, casos de Jayme e Andrade, ex-jogadores do Flamengo, e de Clemer, ídolo do Inter.
— Estou torcendo para eles (Jayme e Clemer), até para acabar com a mesmice. É preciso mais oportunidade para todos — enfatiza Andrade, desempregado após passagens por Brasiliense, Paysandu-PA e Boa Vista-RJ e que reclama não ter recebido uma chance em clube com estrutura desde que deixou o Flamengo.
Interino no Inter por dois jogos, entre a saída de Jorge Fossati e a chegada de Celso Roth, em 2010, Enderson Moreira voltou a ser treinador por período determinado em 2011, quando o Fluminense ficou três meses à espera de Abel Braga. Depois de deixar o clube carioca, assumiu o Goiás, conquistou a Série B do Brasileirão 2012 e se consolidou no mercado de técnicos.
— Tenho que enaltecer o Goiás, são poucos os dirigentes que têm essa coragem. A maioria vai nos mesmos treinadores de sempre. Com apostas, pode—se encontrar pessoas qualificadas — destaca Enderson, que ficou três meses desempregado após a chegada de Abel no Fluminense.
Sobre a interinidade, o técnico argumenta que é uma grande oportunidade, mas, por ser em uma situação emergencial, o profissional precisa estar preparado, antenado com o que está acontecendo no clube e nos campeonatos em andamento.
— Também tem a dificuldade de que alguns atletas não veem com bons olhos, pois sabem que o treinador não vai ficar, mas a grande maioria respeita.
Rospide: "Faltou um pouco de ousadia dos dirigentes"
Técnico interino do Grêmio em duas oportunidades na temporada 2009, Marcelo Rospide é superintendente das categorias de base do Corinthians desde outubro do ano passado. Depois de deixar o time gaúcho, ele foi treinador do Prudente (SP), do Brasil de Pelotas e Guarani de Venâncio Aires.
Em 2009, Rospide comandou o Grêmio no período em que o clube esperava por Paulo Autuori. Em sete jogos, venceu cinco e entregou o cargo com o time classificado às quartas de final da Libertadores. Antes do final do ano, Autuori deixou o Olímpico, e Rospide reassumiu para encerar a participação da equipe no Brasileirão. Foram mais duas vitórias, um empate e uma derrota. A torcida pediu a permanência do interino para 2010. Porém, a direção apostou em Silas.
Por telefone, Rospide, 42 anos, conversou com ZH.
Zero Hora — Como é assumir um time na condição de interino?
Marcelo Rospide — Normalmente, quando um treinador assume como interino já tem uma trajetória interna. Também é uma situação complicada, pelo pouco tempo para trabalhar, para fazer o grupo comprar tua ideia. Mas, para mim, foi uma grande oportunidade, me deu visibilidade.
ZH — Mas, mesmo com bom aproveitamento, você não foi efetivado.
Rospide — Hoje, analisando, achou que faltou ousadia dos dirigentes em apostar em mim. Minha carreira teria tomado outro rumo, mas não fico chateado. Às vezes, por ser da casa, o profissional acaba sendo preterido. Os clubes têm que olhar mais para as categorias de base, que não formam só atletas. O mercado de treinadores ainda é muito conservador.
ZH — E como é à espera pela oportunidade?
Rospide — Desde que era auxiliar, nunca tive a ambição de assumir. A oportunidade surge inesperadamente, a gente não fica torcendo para o outro sair. O importante é estar preparado.
ZH — Como funcionário do clube, o profissional tem certa estabilidade. O mercado de treinador traz insegurança, correto?
Rospide — Traz, mas, por outro lado, te coloca em outro status. Vai da ambição de cada um.
ZH — Mas você se arrepende de ter deixado o Grêmio?
Rospide — Não. Entrei no Grêmio como estagiário e, depois de 17 anos no clube, tinha atingido o ápice. Era o momento de buscar outros ares. A valorização não é a mesma se você fica no clube.
ZH — Pensa em voltar a trabalhar como treinador?
Rospide — Não nego que sinto falta (de ser técnico), mas o projeto que estou tocando é tão bacana que compensa esta distância do campo.
BRASILEIRÃO — 27ª RODADA — 10/10/2013
FLAMENGO
Felipe; Leo Moura, Chicao, Frauches, João Paulo; Amaral, Elias, Andre Santos, Carlos Eduardo, Paulinho, Hernane. Técnico: Jayme de Almeida
INTER
Muriel; Gabriel, Jackson, Juan, Fabrício; Ygor, Willians, Caio, D'Alessandro, Otávio; Leandro Damião. Técnico: Clemer
21h
Arbitragem: Raphael Claus (SP), auxiliado por Guilherme Dias Camilo (MG) e Danilo Ricardo Simon Manis (SP)
Local: Maracanã, no Rio de Janeiro

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