quarta-feira, 17 de julho de 2013

DEMOCRACIA INSTÁVEL, CUIDADOS REDOBRADOS... (*) Vilnei Herbstrith 

Instalados na Câmara de Vereadores de Porto Alegre desde quarta-feira, 10, após invadir o plenário do legislativo municipal, um intitulado grupo de Lutas acaba por instalar a anarquia, que se não for coibida seriamente, vai virar exemplo de vandalismo e ataque às instituições a ser seguido em todo o Brasil.

O grande problema, claro, não são as reivindicações, entre elas passagem livre para estudantes e sim a forma de luta. Simplesmente entraram na Câmara, no espaço dos representantes eleitos legitimamente pelo povo e enxotaram dali os edis, e a imprensa, ganhando de brinde por isto, entrevistas na própria mídia que impediram de trabalhar em um paradoxo inexplicável. Vitória ainda que temporária para os baderneiros do Diretório da UFRGS e do DCE da mesma universidade, que já haviam sido rejeitados nas conversas sobre passagens de ônibus pelo prefeito José Fortunati, pois foram identificados como sendo aqueles que dirigiram e incentivaram a depredação da prefeitura e outros prédios públicos nas primeiras manifestações em Porto Alegre. 

Presidente da Câmara, médico, chamado de Dr. Thiago Duarte, foi às rádios para dizer emocionado e chorando que era preciso que as pessoas vissem, tivessem consciência de que a democracia estava sendo estuprada, que ao parlamento estava refém do grupo que, segundo ele, seria um movimento político coordenado por PSTU, PSOL e PT. 

As entrevistas foram realizadas um dia depois da reintegração de posse do prédio ser suspensa por determinação da juíza Cristina Luisa Marquesan da Silva, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre outro absurdo jurídico, que (aí digo eu), não se sustenta minimamente em instância superior e que acaba gerando sérias dúvidas sobre o embasamento usado para decisão tão esdrúxula. 

Claro que diante de posição assim, o que se espera é que logo, grupos incentivados pela baderna e pela exposição que ganham na mídia, invadam outros poderes, como a Assembléia Legislativa e quem sabe o Tribunal de Justiça parando deputados estaduais e juízes. Bola fora total, especialmente do Judiciário que sob várias desculpas esfarrapadas e sem base mais sólida, acabou negando devolver aos vereadores a sua própria casa e espaço. 

É preciso refletir que, atacar instituições é mais que vandalismo, é atacar a democracia. Se a voz do povo fosse mesmo a voz de Deus, o povo consultado na ruas opta pela pena de morte, quer depredadores presos e condenados, quer o Exército nas ruas, quer tudo grátis, não quer pagar impostos. Quem é eleito regularmente, de forma correta pelo voto está lá como dono sim do legislativo pelo período que ganhou a representação da mesma forma que deputados estaduais, prefeitos, governadores, presidente da república, senadores. Estas são as regras democráticas e apenas temos que escolher melhor. 

Agora, invasões, depredações, vandalismo se encaixam em outros regimes que nunca foram aceitos aqui no Brasil. Quem gosta de anarquia, ditaduras de direita ou esquerda, de pensamento único, está no país errado. Os brasileiros, que mostraram isto nas ruas, correndo a ponto de agredir, aqueles que portavam bandeiras partidárias e ideológicas, não quer isto.. Então estes ou aceitam nossa democracia, escolhem melhor na hora do voto e seguem as regras do jogo, ou se mudam para republiquetas ditatorias disfarçadas quando não abertas e explícitas como o caso da China. Será que lá, os atuais manifestantes invadiriam o Palácio do Governo? 

O resto é apenas discurso vazio. Fazem aqui, porque tem direitos humanos, governadores que dão proteção a isto, juízes de linha ideológica questionável quando deveriam ser totalmente isentos. Na verdade se esquecem que atacavam a bem pouco tempo os governos que vieram antes do PT de Lula e Dilma, mas agora contestam e atacam o próprio PT. Ou seja, não importa quem esteja no poder... são contra. 

Os brasileiros, as pessoas de bem, que trabalham, são honestos e querem a paz, buscam melhorias sociais sim, mas não na base da invasão e fora da lei. Querem mudanças mas com democracia, sem anarquia. Tivemos uma pequena amostra quando os movimentos foram recentemente às ruas. Sem ordem, sem leis, sem instituições, o vandalismo e as depredações, os bandidos, tomaram conta no fim e daí para enfrentá-los tiveram que usar bombas de gás, cavalos, balas de borracha (ah o povo pediria balas de verdade), e brigada com escudos, helicópteros. Depois, viria o exército. 

Então meus amigos. Vamos cuidar da nossa frágil democracia ou logo estaremos anarquizados e jogados às mãos dos marginais. 

(*) Jornalista 5982